O Poeta Sem Inspiração
O poeta acorda em uma manhã ensolarada, a luz filtrando-se pelas cortinas, criando um mosaico de sombras e reflexos. O aroma do café fresco permeia o ar, e ele se senta à mesa, caneta em punho, caderno aberto, pronto para dar vida a novas palavras. Mas, para sua surpresa, a página permanece em branco. O silêncio que o rodeia é ensurdecedor, e a mente, antes fértil em ideias, agora parece um deserto árido.
Nos momentos de crise criativa, é fácil se deixar levar pela frustração. O poeta, no entanto, decide que a inspiração não virá à força. Ele se levanta e abre a janela, deixando que a brisa suave entre e acaricie seu rosto. O mundo lá fora está vivo: o canto dos pássaros, o farfalhar das folhas, o riso de crianças brincando. Ele respira fundo e, por um instante, apenas observa.
Então, o poeta tem uma ideia. Em vez de lutar contra a falta de inspiração, ele decide se permitir sentir. Pega seu caderno e uma caneta e sai pela porta, buscando histórias nas esquinas da vida. Caminha pelas ruas, atento aos detalhes que normalmente passaria despercebido. Nota a velha árvore que, apesar do tempo, ainda floresce, e a mulher que alimenta os pássaros na praça, seus gestos delicados como poesia em movimento.
Helena Bernardes,
out,2024