O Mito da Caverna de Platão / Plato’s Myth of the Cave
In Portuguese and English.
Por Victor da Silva Pinheiro, Escritor Brasileiro do Século 21.
Texto tirado do meu livro “Fogo Interior”.
O Mito da Caverna de Platão
Imagine uma caverna grande, úmida e escura. Nessa caverna vivem algumas milhares de pessoas. Essas pessoas desde que nasceram, vivem com correntes nos braços, pescoço e pés, em cadeiras enfileiradas de modo que na frente dessas pessoas há um imenso paredão fino. Semelhante ao cinema moderno. Por trás das fileiras de cadeiras, há uma fogueira. Entre a fogueira e as cadeiras passam algumas pessoas com objetos e animais. Os sons dessas pessoas, objetos e animais ecoam pela caverna até chegar ao grande paredão e por fim chegar aos acorrentados. A luz que a fogueira emiti bate nessas pessoas, animais e objetos e nas demais pessoas acorrentadas fazendo surgir sombras no grande paredão. Essas pessoas acorrentadas vêem essas sombras como se fossem reais. Pois esse é o único mundo que conhecem. Mais acima da caverna, como se fosse os camarotes, vivem os chamados amos da caverna. São eles que controlam todo o esquema. No topo da caverna, existe uma pequena saída pelo qual o sol emiti um pequeno feixe de luz que chega até lá embaixo, próximo às pessoas acorrentadas. Porém, entre a fogueira e o topo da caverna existe um imenso paredão bem íngreme, cheio de obstáculos, difícil de escalar. Do lado de fora da caverna existe árvores, rios, o sol... enfim, a natureza e alguns sábios. As sombras mais diferenciadas são eleitas pelos acorrentados para serem os líderes. Em diversas áreas. Enquanto as pessoas acorrentadas discutem entre si sobre o mundo em que vivem, os amos da caverna riem e caçoam deles. Uma das características desses amos é que eles não costumam aparecer. Não gostam de aparecer. Os amos da caverna é que controlam todo o esquema e procuram tirar algum proveito da situação dos acorrentados. Eles vivem em um lugar como se fosse um camarote.
Só que um dos acorrentados começa a se sentir incomodado. Ele não sabe o que bem é. Depois de se remexer muito da cadeira, ele percebe que está acorrentado. Ele é visto como um estranho pelos amigos acorrentados, mas ele não liga, e segue sua intuição. Se você percebe que está acorrentado, qual sua primeira reação leitor? Se livrar das correntes. Primeiramente de braços e pescoço. Livre das correntes do pescoço ele pode olhar de lado e pra trás e vê, as pessoas acorrentadas, a fogueira, enfim, ter uma visão da caverna e perceber que esse mundo é uma ilusão. Depois, consegue se livrar das correntes dos pés. Analise bem: ele nasceu e cresceu nessa situação, nunca andou. Quando se levante e começa a andar tem extrema dificuldade. Já está desgastado pelo imenso esforço que teve pra se livrar das correntes. Mas consegue se adaptar e andar. Sócrates, esse liberto, tenta alertar os outros acorrentados, inclusive os amigos, porém, sem sucesso. Pois esses acorrentados se julgam viver em um relativo “conforto” e tomam esse mundo como real. Quando vêem o estado de Sócrates, todo desgastado fisicamente e até psicologicamente, dizendo que o mundo em que vivem não é real, que vivem numa caverna úmida e escura, e etc... alguns acorrentados chegam até a chamá-lo de louco. Sócrates vê que não vai obter sucesso e vê um pequeno feixe de luz vindo do topo da caverna, ele decide ir em direção a essa luz. Mas para isso é preciso escalar um grande paredão íngreme, cheio de obstáculos. Na escalada, de vez em quando escorrega, cai, e volta a escalar. Depois de muita luta, ele chega ao topo da caverna, e consegue sair da caverna. Vê o sol pela primeira vez, e nesse momento quase fica cego, pois nunca havia visto tanta luz. Depois de um tempo, ele consegue se adaptar a luz do sol, mas ainda com a vista não muito boa. Ele vê a natureza, os sábios e etc. Conversa com alguns sábios e vê que este é o mundo real. Porém, bate um sentimento de misericórdia: e os amigos e todas as outras pessoas acorrentadas, vivendo nesta caverna achando que vivem num mundo real? Ele decide voltar. A descida foi tão difícil quanto à subida do paredão. Chegando aos amigos acorrentados, com a vista ruim, todo arrebentado, ele vai tentar libertar alguns acorrentados.
Porém, a recepção foi pior do que antes, quando ele tentou alertá-los antes de subir. Vê que alguns até são capazes de lutar ferozmente para proteger as correntes. Então, Sócrates chega à conclusão que o segredo é contar aos poucos, começando inicialmente a dizer que estão com os braços acorrentados, por exemplo. Observa também que existe algumas pessoas que começam a se questionar e tem uma certa disposição a ouvi-lo. Essas pessoas são os idealistas. Uma dessas pessoas solta os braços e o pescoço, e como esse está numa condição parecida com o amigo acorrentado ao lado, este amigo acorrentado vai está mais disposto á ouvi-lo. O outro que consegue perceber que está acorrentado e começa a se remexer da cadeira, conta pra o amigo ao lado que aquele mundo é uma ilusão e é preciso acordar. Assim uns vão se soltando, ajudando os mais próximos e também, caminhando em direção ao feixe de luz. Criando assim uma corrente discipular de mestres e discípulos. O que se solta é o filósofo. A luz do sol é a verdade. O que desce para ajudar os outros acorrentados é o político. As sombras, o mundo da ilusão. A luz da fogueira, os nossos desejos. As correntes, a ignorância. Os amos são aqueles que controlam e mantém o mundo da ilusão tirando algum proveito da situação. Os acorrentados são a humanidade. O caminho da escalada até a luz do sol está cheio perigos: diversas crenças estranhas, ideologias confusas, materialismo e/ou misticismo em excesso, armadilhas etc. Esses são os obstáculos. A filosofia vem pra proteger esse idealista que está se remexendo da cadeira, mostrar atalhos seguros na escalada, até chegar ao topo da caverna e voltar.
Esse é um resumo do Mito da Caverna, o capítulo VII do livro “A República”, que é de autoria do filósofo grego Platão. Mesmo escrito no século IV a.C., continua atual. Aliais, existem várias obras que se referem a esse mito como o filme Matrix e o livro Alice no País das Maravilhas.
Questione-se: será que os muitos líderes do presente e do passado, não são as sombras do Mito da Caverna? Ou são os amos? Será que não está faltando filósofos na política? Não só na política como em outras áreas? E como distinguir a verdadeira filosofia da falsa filosofia? São muitas as perguntas. Os antigos já diziam que a filosofia é a mãe de todas as ciências, e que a reposta está dentro de nós. É só procurarmos nos tornar, verdadeiramente, o que somos: seres humanos. Assim sendo, reconheceremos facilmente, quem é quem e qual caminho seguirmos. Como diria Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás as leis que regem o universo e o homem”.
Autor: Victor da Silva Pinheiro, Escritor Brasileiro do Século 21.
Redes Sociais: @victorspinheiro300
In Portuguese and English.
By Victor da Silva Pinheiro, Brazilian Writer of the 21st Century.
Text taken from my book “Inner Fire”.
Plato’s Myth of the Cave
Imagine a large, damp and dark cave. In this cave live a few thousand people. Since birth, these people have lived with chains on their arms, necks and feet, in chairs lined up so that in front of these people there is a huge thin wall. Similar to a modern movie theater. Behind the rows of chairs, there is a bonfire. Between the bonfire and the chairs, some people pass by with objects and animals. The sounds of these people, objects and animals echo through the cave until they reach the large wall and finally reach the chained people. The light emitted by the bonfire hits these people, animals and objects and the other chained people, causing shadows to appear on the large wall. These chained people see these shadows as if they were real. Because this is the only world they know. Higher up in the cave, as if they were the boxes, live the so-called cave masters. They are the ones who control the whole scheme. At the top of the cave, there is a small exit through which the sun emits a small beam of light that reaches down below, near the chained people. However, between the bonfire and the top of the cave there is a huge, very steep wall, full of obstacles, difficult to climb. Outside the cave there are trees, rivers, the sun... in short, nature and some wise men. The most distinctive shadows are elected by the chained people to be the leaders. In several areas. While the chained people discuss among themselves about the world they live in, the cave masters laugh and make fun of them. One of the characteristics of these masters is that they usually don't show themselves. They don't like to show themselves. The cave masters are the ones who control the whole scheme and try to take advantage of the situation of the chained people. They live in a place as if it were a box.
But one of the chained men starts to feel uncomfortable. He doesn't know what good is. After moving around a lot in his chair, he realizes that he is chained. He is seen as a stranger by his chained friends, but he doesn't care and follows his intuition. If you realize that you are chained, what is your first reaction? To get rid of the chains. First, your arms and neck. Free from the chains around your neck, he can look to the side and behind him and see the chained people, the bonfire, and finally, have a view of the cave and realize that this world is an illusion. Then, he manages to get rid of the chains on his feet. Think about it: he was born and raised in this situation, he has never walked. When he gets up and starts walking, he has extreme difficulty. He is already worn out from the immense effort it took to get rid of the chains. But he manages to adapt and walk. Socrates, who has been freed, tries to warn the other chained men, including his friends, but to no avail. These chained people believe they live in relative “comfort” and take this world as real. When they see Socrates’ state, all worn out physically and even psychologically, saying that the world they live in is not real, that they live in a damp and dark cave, etc., some of the chained people even call him crazy. Socrates sees that he will not succeed and sees a small beam of light coming from the top of the cave. He decides to go towards this light. But to do so, he has to climb a large, steep wall, full of obstacles. While climbing, he occasionally slips, falls, and climbs back up. After a lot of struggle, he reaches the top of the cave and manages to get out of the cave. He sees the sun for the first time, and at that moment he almost goes blind, because he had never seen so much light. After a while, he manages to adapt to the sunlight, but his vision is still not very good. He sees nature, wise people, etc. He talks to some wise people and sees that this is the real world. However, a feeling of mercy comes over him: what about his friends and all the other people chained up, living in this cave thinking they live in the real world? He decides to go back. The descent was as difficult as the climb up the wall. Arriving at his chained friends, with poor vision and all broken, he tries to free some of the chained ones. However, the reception is worse than before, when he tried to warn them before climbing up. He sees that some are even capable of fighting fiercely to protect the chains. So, Socrates comes to the conclusion that the secret is to tell them little by little, starting initially by saying that their arms are chained, for example. He also notices that there are some people who start to question themselves and are somewhat willing to listen to him. These people are the idealists. One of these people frees his arms and neck, and since he is in a similar condition to the friend chained next to him, this friend in the chain will be more willing to listen to him. The other who realizes that he is chained and starts to move around in his chair, tells his friend next to him that that world is an illusion and that he needs to wake up. In this way, some people start to free themselves, helping those closest to them and also walking towards the beam of light. Thus creating a chain of disciples of masters and disciples. The one who frees himself is the philosopher. The sunlight is the truth. The one who comes down to help the other chained ones is the politician. The shadows, the world of illusion. The light of the bonfire, our desires. The chains, ignorance. The masters are those who control and maintain the world of illusion, taking advantage of the situation. The chained ones are humanity. The path to the sunlight is full of dangers: several strange beliefs, confusing ideologies, excessive materialism and/or mysticism, traps, etc. These are the obstacles. Philosophy comes to protect this idealist who is moving around in his chair, showing safe shortcuts on the climb, until he reaches the top of the cave and comes back. This is a summary of the Myth of the Cave, chapter VII of the book “The Republic”, written by the Greek philosopher Plato. Even though it was written in the 4th century BC, it is still relevant today. In fact, there are several works that refer to this myth, such as the film Matrix and the book Alice in Wonderland.
Ask yourself: could it be that the many leaders of the present and past are not the shadows of the Myth of the Cave? Or are they the masters? Isn’t there a lack of philosophers in politics? Not only in politics but in other areas? And how can we distinguish true philosophy from false philosophy? There are many questions. The ancients already said that philosophy is the mother of all sciences, and that the answer lies within us. We just need to try to truly become what we are: human beings. That way, we will easily recognize who is who and which path to follow. As Socrates would say: “Know thyself and you will know the laws that govern the universe and man”.
Author: Victor da Silva Pinheiro, Brazilian Writer of the 21st Century.
Social Media: @victorspinheiro300