HISTÓRIA DE UMA TRAIÇÃO EM FAMÍLIA
A Lua de mel...
Entre beijos quentes
E abraços loucos
Entrega-se inteira
com suspiros roucos
E dessa mistura
De dois rios de sangue
Uma vida explode
Para esse mundo exangue:
De cabelos pretos
E olhar tristonho
Mostra ser o fruto
desse amor medonho.
É sangue dos rios
É semente de ardor
Quem dera tivesse
Uma faísca de amor!
Do amor miserável
De um peito infértil
Que nada mais causa
Só tristeza, inerte!
Traição e abandono
Pôs-se em fuga um rio
- leva em suas águas
a pureza de outra -
E por onde passa
um grito se ecoa:
“Foge desse tredo
que fende e atraiçoa!”
Permitiu quedar-se
Traiçoeiramente
O outro rio que chora
Perpetuamente.
O retorno
Do horizonte turvo
Um dia retorna
Traz dentro de si
Sua alma morna!
O filho
À distancia o espreita
um olhar sorrateiro
de um belo menino
que achegar deseja
mas foge ligeiro!
E retorna hesitante
Fitando assustado
Mas volta a fugir
Com passo dobrado!
Reflexões
Que peito é esse
Que destrói a alma
De um velho carvalho
Que perdendo dois brotos
Morreu de saudades!
Que peito é esse,
Estéril, bandido,
Que esmaga o galho
Ressecando os ossos
Esvaindo a seiva
Dessa que amamenta!
O que tem aí,
Nessa caixa-forte?
Traição e morte!
Leva à sepultura
um pai desafortunado,
E deixa na terra
Um filho assustado!
E agora, que a morte
o espreita!
Que dirá a ela?
“Leva-me embora”,
sem contar a história?
Que farás agora
Que é chegada a hora?
Não contarás...?
Contarás a história!
Diante da Morte...
Coloquei no mundo
Um garoto lindo
De sorriso calmo
E olhar profundo,
Pisei no amor,
Esmaguei o galho
E roubei a seiva
Do velho carvalho!
Deixei no caminho
Rastos de amargura
Solidão tristeza
Muita desventura!
E hoje deploro
Meus feitos na vida
Leva-me daqui,
por favor, imploro!
Tires-me da Terra
Suplico esvaído
Ela é reservada
Ao filho querido
Que avançou sozinho
E sofreu calado!
Superou a tudo
Tornou-se letrado!
E viveu essa vida
Como uma semente
De vida, esvaída;
De amor, dormente.
E apesar de tudo,
De ser vencedor,
Ainda implora
Um pouco de amor!
Esse filho meu
De olhar tristonho
Traz na sua alma
Latente pedido:
”Perdoa-me pai,
Por eu ter nascido”!
Mas, sobrepujou
Encarou o fado
Contando com Deus
Um forte aliado
Que defende a todos
Que são suplantados.
E não satisfeito,
Com tantos a padecer
Trouxe para este mundo
Outros seis para sofrer!
Abigail, a amada,
Por quem eu atraiçoei
- Agi como carrasco seu -
de tanto sofrer calada,
no degredo que viveu,
não suportou o remorso!
Como Ismália... Enlouqueceu!
Ana, o amor primeiro
Doce mãe abnegada
Também foi recompensada:
O seu ato, com louvor,
Foi por Deus retribuído:
Encontrou num novo amor
O galardão merecido.
José Pedro é o filho honrado,
Muitíssimo abençoado
Que extraiu do passado
A força para vencer!
-por essa lição de vida
muitos, gratos lhe vão ser!
E o que me resta
dessa vida errante?
Leva-me daqui
rogo-lhe prostrado!
Por tudo que fiz
Já me sinto exilado!
Mas a morte o rejeita
E lhe vira as costas
Deixa –o ali a chorar
De mãos postas!
E quanto a você
Que me ouve agora
Construa um futuro
Para essa vida inglória!
Faça bons amigos
Tenha um grande amor!
E faça desse amor...
Um fim para a sua história!