QUANDO EU ERA PEQUENINO

Quando eu era bem pequenino

Que ouvia alguém dizer

Que respeitar era bom

E isto eu podia ver

Estampado nos mais velhos

Que carregam muito saber.

Certo dia num bate papo

Com a família no jantar

Ouvia daqueles pais

Que era tão bom respeitar

Eu ficava imaginando

O que isso vai importar.

O tempo foi se passando

E eu fui logo crescendo

Curioso e sempre atento

Aprender fui então querendo

Saí por aí estudando

E é claro, tudo que vi fui aprendendo.

Aprendi a ter respeito

No caminho da educação

Sendo pobre, sendo rico

Eis a nossa tradição

Estudar com o propósito

Para se ter argumentação.

A família compenetrada

Pedindo para eu estudar

Tive comigo a grande sina

Pensando em me formar

Construindo o alicerce

Com tanta história a contar.

Os amigos de infância

Tiveram os seus destinos

As amigas, como as colegas

Não falavam com os meninos

Viviam estudando em casa

Hoje são bons nordestinos.

Tomei bando de rio

Joguei bola de gude

Nadei um dia atravessando

Um perigoso açude

Subindo em pé de caju

Fiz até pipa usando grude.

O grude era uma mistura

Com água e também com farinha

Ficava pregado o cartaz

Ali mesmo na nossa cozinha

Retirado dos jornais e revistas

Era tudo que a gente tinha.

Tanta brincadeira havia

De pega a gente brincava

As paixões que eram tantas

Ninguém nem se comunicava

Os pais daquele tempo

Qualquer coisa nos complicava.

Num diálogo bem lembrado

Disse que me apaixonei

Queriam saber por quem

Meu Deus, eu me calei

O negócio era o estudo

E quase me reprovei.

O coração fica sem vida

Quando o menino se apaixona

É feito carro em estrada

Que dá uma boa carona

Ele vai esquecendo tudo

Sua cabeça vira uma zona.

Oh! Que saudades tantas

Que chegam à consciência

Nos faz lembrar o passado

Respondido pela ciência

Plantando o bem lá atrás

Vai se formando a inteligência.

A Religião era o respeito

Que a gente tão bem nutria

Fosse qualquer crença

Tinha prazer e alegria

O tempo foi transformando

E hoje causa nostalgia.

Sempre o nome de Deus

Pelo meu pai era pregado

Junto com a minha mãe

Falar do outro era pecado

Eu imaginava sozinho

Quero só ver o resultado.

Então, nessas conversações

De um menino bem curioso

Ele começou a entender

O que era ser orgulhoso

Colhiase muitas verdades

Pra gente não ser invejoso.

Quando alguém tenta explicar

O que houve de positivo

É justo que vamos ouvir

Algo que nos foi negativo

São as vivências no tempo

Nas regras do construtivo.

A amizade que tínhamos

Mesmo as de brincadeira

Foi conduzida no bem

Por ser bem verdadeira

A palavra era a lei

Dessa Nação brasileira.

Hoje, centenas de vezes

Eles assinam um documento

Vão ao cartório e reclamam

E refazem todo tormento

Nos despertando o silêncio

Que nos deixa em sofrimento.

A criação de uma família

Resulta naquele bom ser

Cada frase de conforto

Faz o bem acontecer

Levado pelos exemplos

Que nós vamos conhecer.

No dia a dia do homem

Pode até alguém fingir

Mas a força que ele tem

E bondade por possuir

Certamente o que ele prega

Deixa claro o seu mentir.

É vivendo e aprendendo

Eis aí a grande lição

Já dizia a minha avó

Com aquele livro na mão

Um folheto de cordel

Que apontava a direção.

Ouvindo cada detalhe

Daquela escrita bonita

Viajava pelo mundo

Onde a cabeça se agita

Pensando naquele tempo

Que a ilusão se conflita.

Mas tarde a política

Com o voto obrigatório

Foi deixando o cidadão

Quase que no sanatório

Pensando que ele sabe

Utilizar pra si o oratório.

Não quero e nem devo

Ser contra a modernidade

Sou a favor da vida

Com bastante alteridade

Respeitando a diferença

Para viver sociedade.

Os crimes são cometidos

E são dados muita importância

O mal sucumbe o bem

Nasce então a ignorância

O capital sobrepondo no hoje

E se criando a militância.

O amor perdeu a rédea

Na ilusão mais profunda

Com o ódio seguindo agora

Onde o homem se afunda

Matase querendo o preço

Na troca da carne imunda.

Retorno na minha viagem

E pego numa bela flor

Tiro as folhas que vejo

É onde perpetua a dor

O pólen que traga a planta

Deixou escondido o amor.

As coisas mais simples da vida

Nos trazem a recompensa

Um ramo passado ao rosto

Faz o respeito da crença

Quem somos nós, meu Deus

Para termos só desavença?

Dizem que o tempo mudou

Fazem e criam conceito

Se constroem os absurdos

Num avanço preconceito

Que faz aumentar a peste

Que vai tirando o direito.

O professor no exercício

Naquela pequena sala

O nosso primeiro Mestre

Com isso ninguém se cala

No aroma de um bom perfume

Que só a bondade exala.

Lembro como se fosse hoje

Do meu tempo de menino

Pedalando a bicicleta

Patinete em desatino

Eu brincava no limite

Formando então o meu destino.

Possuía o bom respeito

Por quem detinha o saber

Convivi com boa gente

O tempo fez aprender

A sentir que este cordel

Foi escrito pelo prazer.

FIM

João Pessoa-PB, 12 de julho de 2000.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 19/10/2024
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