A PELEJA DE TROYA D'SOUZA COM UM POETA DO ALÉM
Tem dias que eu amanheço
Da terra para o espaço
Comprando caro uma briga
Moendo ferro no braço
Quem passar na minha frente
Só de ruim eu esbagaço.
Que cairia em um laço
Dormindo tinha sonhado
Despertei não dormi mais
Passei a noite acordado
Pensando naquele fojo
Que pra mim estava armado.
Nervoso e preocupado
Sem entender a mensagem
Pus a viola nas costas
Vou dizer sem sacanagem
Fui em busca de respostas
Mesmo sem muita coragem.
Quem conhece a malandragem
Sabe dos laços que tem
Que precisa ser esperto
Pra dela não ser refém
Demonstrar sabedoria
Sem arregar pra ninguém.
Dessa vez eu fui além
Pra afugentar meus temores
Mentalizando um duelo
De no chão causar tremores
Fui esbarrar numa praça
No Vale dos Cantadores.
Desde os tempos de amadores
Trinta e três anos passaram
Sempre os melhores poetas
Pra me derrotar lutaram
Mas até hoje esta graça
Os mesmos não alcançaram.
Por muitos anos falaram
Que naquele vale tem
Cantador misterioso
Aedos que cantam bem
De garra, talento e fama
Que cantador não detém.
Por isto busquei também
Registrar minha impressão
Cantar bem, ser respeitado
Nesta e qualquer dimensão
Que o poeta competente
Domina a imensidão.
Nesta minha profissão
Eu nunca fui idiota
Por isto vou relatar
Como se deu a marmota
Nos confins do firmamento
Na cidadela remota.
Bom poeta e poliglota
Eu decidi me arriscar
Com a viola de lado
Parei no primeiro bar
Pedi marisco, cerveja
E cigarros pra fumar.
Comecei a dedilhar
A viola de mansinho
E entre goles e tragos
Alguém chegou de fininho
Na cadeira do meu lado
Um vulto buscando aninho.
Formou-se bem ligeirinho
Sussurrando em dialeto
Não vi, se entrou pela porta
Ou se foi mesmo um projeto
Que se lançou na fumaça
E pra mim veio direto.
Sem nada muito concreto
Sentou-se sem permissão
Foi dizendo se prepare
Que hoje tem competição
Faz tempo que eu te procuro
Para cantar um mourão.
Colega preste atenção
Pode ser alto seu custo
É bom que seja dotado
De conhecimento justo
Porque se vai me enfrentar
É normal que leve susto.
Eu com nada me assusto
Meu conhecimento dobra
Do mais esperto dos homens
A mais peçonhenta cobra
E sobre tudo que é grande
A minha grandeza sobra.
Contorne a sua manobra
Reajuste a direção
Eu cantando sou escola
No martelo, no mourão
Na sextilha, no soneto
No galope e no quadrão.
Deixe de enrolação
Comece a se propagar
Eu conheço a sua fama
Já vi muito comentar
Mas só aprovo ou reprovo
Depois que me superar.
Se quer comigo cantar
Antes venha e se apresente
Que eu tenho filiação
Você parece indigente
Porém, não é qualquer um
Pra cantar na minha frente.
Pensar ser inteligente
Te colocou num ardil
Querendo se destacar
Impressionar o Brasil
Cantador da sua laia
Não manda nem num canil.
Se você quer nota mil
Antes me diga quem é?
Revelando de onde veio...
Me fale da sua fé
Que eu sou lá da realeza
E não me dou com ralé.
O que eu sou você não é
Por isso me compreenda
Você luta pra ser mito
Eu já passei de uma lenda
E dez dúzias de você
Não me vence na contenda.
Eu só peço que entenda
Que não causou impressão
Você impressionando
Foi uma decepção
É desprovido de rima
De métrica e de oração.
A ti fiz grande menção
Mas não é o que parece
Sua fama do meu lado
Notei que desaparece
Antes de cantar comigo
Procure ver se merece.
Qualquer cantador padece
Quando nesta companhia
Pois gente da sua classe
Não tem minha simpatia
Você duplava melhor
Cantando com uma gia.
Você caiu numa fria
Em tudo sou preparado
As minhas obras no mundo
Por todo mundo é notado
Domino o céu e a terra
E o mar é meu aliado.
Você diz que é dotado
De obra e de aliança
Mas para mim não importa
Pois eu não dou confiança
A quem não tem descendência
Nem tam pouco liderança.
Você tem muita esperança
De descobrir quem eu sou
Batendo na mesma tecla
Eu interroga-lo vou
Diga quem é, de onde veio
E como foi que aqui chegou?
Um riograndense que sou
Do Norte e de Santa Cruz
Troya Dsouza, o poeta
Herdei as bênçãos da luz
E todo vate conhece
Um rebento de Jesus.
Isto pra mim não faz jus
Porque sou bem diferente
No meu mundo sou melhor
O mais nobre descendente
E nunca achei um poeta
Pra cantar na minha frente.
Seus feitos são de repente
Imaginário legado
Eu não conheço um lugar
Onde você tenha obrado
Falatório é pabulagem
Sabença é ser preparado.
Você estar enganado
De mil, não alcança cem
Mas já que se apresentou
Vou me apresentar também
Conheça o seu pesadelo
Sou Gregório do Além.
Já vi que fama não tem
Para ser grande na arte
Seu Gregório em sua verve
Não se encaixa tal parte
Cultura e conhecimento
Aqui é terra, não Marte.
Sou um grande baluarte
No mundo da cantoria
Aprenda com o docente
Da prática e da teoria
Porque és fã desse aedo
No campo da poesia.
Mas se eu nem lhe conhecia
Imagine o seu legado
Cantador que não tem nome
Muito pouco é divulgado
Por isto que este grego
Nunca foi prestigiado.
Rapsodo preparado
Desde o Norte, até o Sul
Repliquei o ser humano
Lecionei em Istambul
Criei vales, rio e serras
Desde Camboja a Cabul.
Você só com um redbull
Já pode se embriagar
Com falácia e pabulagem
Me causa um desconfiar
Acho que está se enganando
Tentando me enganar.
Nem preciso me esforçar
Lhe falta capacidade
Com esta pobre leitura
Não me passa autoridade
Todo seu conhecimento
É falta de sanidade.
Quer me testar de verdade
Demonstre conhecimento
Elaborando as perguntas
Com base e com fundamento
Porque dez tipos do seu
Não domina o meu talento.
Se estudou a contento
O livro de escritura
O que diz apocalipse
Mostre sua formatura
Descreva o capítulo treze
Na tua conjectura?
Destaca em sua leitura
Besta que emerge do mar
Dez chifres, sete cabeças
E um nome de blasfemar
A qual será dado um tempo
Para a terra comandar.
Tiago, o que quiz mostrar
Na sua colocação?
Fale do capítulo dois
E o versículo em questão
Escolhi o vinte e seis
Pra sua interpretação.
Atentai para a ilusão
Somente a fé não importa;
O feito é quem abre o mar
Cura, alivia e conforta
Sabe quem já leu Tiago
Que a fé sem a obra é morta.
Diz que a Jesus se reporta
Como se lhe conhecesse
Bem como se aqui viesse
Depois desaparecesse
O que dirá sobre isso
E o que acha sobre esse?
Se o nobre colega lesse
Que um dia ele voltará
Que já está muito próximo
Ainda assim duvidará
Mateus vinte e quatro, trinta
E que todo olho o verá.
Por aqui deu pra passar
Mostrou estar preparado
Aprendeu o que ensinaram
Não sei se tem ensinado
Vamos para um outro campo
Que eu quero ver seu legado.
Pergunte do seu agrado
Tentando me emboscar
Estou pronto a responder
E quero lhe provocar
Fazer você ficar louco
Se quiser me acompanhar.
Quando cinquenta ganhar
E multiplicar por três
Somar a cento e cinquenta
Depois dividir por seis
Dê um menos vinte e sete
E o resultado da vez?
Logo cinquenta por três
Daria cento e cinquenta
Somado ao mesmo valor
Dá trezentos não aumenta
Que dividido por seis
Igual a dez mais quarenta.
Mexa na massa cinzenta
E não deixe de completar
Dê conta do resultado
Que no final tem que dar
Procure, ache a resposta
E não tente me tapear.
Só vinte e três vai sobrar
Quando tirar vinte e sete
Na divisão dos cinquenta
Diz que o valor se remete
E no rol da aritmética
Comigo ninguém compete.
Mostrando que não comete
Um erro com numerais
Com bastante habilidade
Provou que sabe demais
Vamos trocar de assunto
Pra discutir outros tais.
Melhore seus editais
Se quer me desagradar
Porque não tirei diploma
Para o senhor rabiscar
Eu me formei pelo mundo
Pra o mundo não reprovar.
Do país que eu vou falar
Diz ser o fruto de um rio
Me aponte a capital?
Qual seu maior desafio?
Como se chama o legado,
Que ainda dar calafrio?
Teba causou arrepio
Hoje é Cairo no Egito!
É uma dádiva do Nilo
impresso no manuscrito
Quéops, Quéfren, Miquerinos
Lá em Gizé, está escrito.
Quem se elegeu pelo grito?
Quem foi rei por simpatia?
Quem usou habilidade?
Quem lutou com galhardia?
E quem encantou o mundo?
Usando a filosofia?
O Adolf Hitler, queria...
Calígula, a mais poder
Abraão Lincoln, Lutero
Usando leis e dever
Sócrates, Gandhi, Kardec
Outras mentes do saber.
Para mim, seu entender
Não passa de uma piada
Pensando que sabe tudo
De fato não sabe nada
Faz tempo que observo
Mas só escuto zuada.
De maneira exagerada
Eu estudei simbiose
Rotação e translação
Endogamia e mitose
Robótica e anatomia
Células tronco e celulose.
Eu descobri a artrose
Silenciei um trovão
Pus o freio num relâmpago
Trouxe uma estrela pro chão
Apago o sol com a lua
Se acaso haver precisão.
Partiu para apelação
Acho bom se retratar
Mexer comigo eu aceito
Com Deus não posso deixar
Todo imbecil que me enfrenta
A saída é apelar.
Não vai querer me atacar
Te garanto, não carece
Não vou gastar o meu tempo
Com você que não merece
Pois não vai saber lidar
Com algo que desconhece.
Quem na selva se enaltece
Diverge dos animais
Quem na terra se engrandece
Deus mostra que sabe mais
Pensei que fosse letrado
Vejo não sabe o que faz.
Você sabe, eu sou sagaz
Mas não quer reconhecer
Entenda que o que eu faço
Não és capaz de fazer
Por assim ser, se revolta
Só lamento em lhe dizer.
Ora; eu sei me defender
Guarde a sua compaixão
Um terço do meu estudo
Põe você em confusão
Seu repente pé quebrado
Não aguenta o meu rojão.
Conforme a situação
De caos e fragilidade
Cite um homem preparado
Pra governar sem maldade
Já que a nossa política
Tá uma calamidade.
É pura realidade
A política defasada
O voto sem precedente
Produz a escolha errada
Que eleva para o poder
A verdadeira cambada.
Coja mal intencionada
A pior depravação
Quadrilha para extorquir
Que afanam em bi.., e trilhão
Diga quem pode acabar
Com esta situação?
Não se iluda meu irmão
Nesta imparcialidade
Que os honestos morreram
Mataram a honestidade
Política virou um câncer
Sem cura pra humanidade.
Religião, inverdade
O que diz dessa matéria?
Tantas verdades ocultas
Tanta descrença e miséria
E o sangue poluído
Contaminando matéria.
Pra mim é uma pilhéria
De cunhos comerciais
Blasfêmia, falsos profetas
Estamos vendo demais
Distorceram a verdade
Mas irão aos tribunais.
Dos clubes mais atuais
Destaque os mais encorpados?
Os craques do futebol
Quem são os mais cobiçados?
E sobre a copa do mundo
Quem tem maiores legados?
O mundo é subordinado
Ao futebol europeu
Lionel Messi e Ronaldo
Cada qual defende o seu
Brasil, Itália e Alemanha
Quem mais o mundo venceu.
Me fale do que aprendeu
Sobre o sexo sem vontade?
O que diz do adultério?
A pura infidelidade?
E da união calorosa
Frutos do amor em verdade?
O amor não gera maldade
Que a sua fonte é bondosa
Mas usá-lo sem desejo
De forma desvirtuosa
É honrar a tradição
Da vida pecaminosa.
A sua tese escabrosa
Me convida a ir embora
Já me cansei de você
Licença estou dando fora
Quanto mais a gente canta
Mais o senhor se deplora.
A minha mente ignora
O seu saber limitado
Cantar contigo é vergonha
Pro meu saber aguçado
Quem nos ouvir vai dizer
Que aproveitei d'um coitado.
O amigo está apagado
Feito um isqueiro sem gás
Suas ideias são fúteis
Seu argumento fugaz
Está igual um inseto
Da tribo dos mangangás.
Parente de Barrabás
Escarnecedor da fé
Primogênito de Cain
Blasfemador de Jafé
Herdeiro de Satanás
Batedor de candomblé.
Explodiu-se a chaminé
No pulo que o cabra deu
Minha cerveja esquentou
E o meu cigarro fedeu
Na fumaça que soltava
Sumiu, desapareceu...
De repente virou breu
Tudo naquele momento
Veio um odor de enxofre
De chifre no aquecimento
Desmaiei de imediato
Tornei no meu aposento.
FIM.