Zé talarico
Eu vou contar pra esse povão
O que foi que aconteceu
Aqui no cafundó do sertão
Com Totonho, um amigo meu
Traído pelo seu próprio irmão
Pegou sua mulher no chão
Vô dizer como se assucedeu
Totonho tava na sua roça
Pra plantar o seu feijão
Deixou a sua mulher gostosa
No seu barraco com Zé, seu irmão
O nome da bonita é Rosa
Coxuda, bunduda e toda prosa
É um baita de um avião
O irmão de Totonho chei de graça
Arrastando a sua asa pra ela
Rosa, com sua roupa rendada
E com estampa de uma fera
Com seu sutiã meia taça
Calcinha fio dental apertada
E o irmão sorrindo na espera
Então numa palavra gostosa
O Zé foi lhe conquistando
Passando suas mãos em Rosa
E os seus pelos se arrepiando
Rosa já estregue à conquista
Se deu pra Zé e às delícias
Foi dando pra ele e gostando
O Totonho chegou mais cedo
Viu Rosa já em cima da cama em pé
Ele achou que era até um pesadelo
De tanta raiva, quase lhe faltou a fé
Rosa ali, subindo e descendo
Totonho irritado e só vendo
Rosa ali na cama dando pra Zé
Na muléstia do ódio carnal
Totonho lhes puxou uma faca
Vou lhe matar seu animal
E também a Rosa, essa vaca
Numa cena descomunal
O irmão raivoso com esse mal
Fez então Zé fugir do mapa
Rosa se ajoelhou no chão
Pedinho pelo amor de Deus
Não me mate, te amo paixão
Foi só fraqueza que me deu
Então Totonho a abraçou
Beijou ela muito e chorou
Pois viu que ela se arrependeu
E hoje eles estão em paz
Mas o tal Zé nunca mais foi visto
Foi o talarico do rapaz
Por pouco ele não tinha morrido
São coisas que a carne nos faz
Quando um homem não satisfaz
A mulher até esquece do marido!