O ESTUDANTE POBRE
A leitura deste cordel
Foi verdade, vou contar
De um estudante pobre
Muito fez para estudar
Sua família humilde
Quase o faz abandonar.
Mas por força do destino
Veja este desenrolar
O drama um tanto triste
Mas fácil de explicar
São coisas que acontecem
Lhe convido pra acreditar.
Mil e novecentos, o ano
Já nos meados de setenta
Nasceu Apolônio Trindade
Filho de Maria Benta
Seu pai foi, Toinho de Lica
Apelido, Totó da venta.
Quando menino, Apolônio
Gostava de jogar bola
A família, se brincasse
Era de pedir esmola
Mas, o menino deu um jeito
Foi estudar em Coxixola.
Neste lugar, Apolônio
Muito livro recebeu
Foi criado por um padre
Por nome Bartolomeu
Estudou e se formou
Na terra que o acolheu.
O estudante, portanto
Quis a família ajudar
Na falta daquela vida
Tudo que fez enfrentar
Seu pai, humilde servente
Não tinha o que alimentar.
O dinheiro do pai dele
Não dava para o sustento
Passando bastante fome
Sem ter por perto alimento
Chorava todos os dias
Num eterno sofrimento.
Foi uma vida difícil
Dessa, que o pobre, passa
Mas, Apolônio venceu
Casou-se com uma ricaça
O pai tem uma casa boa
Mora em frente da praça.
Apolônio na praça sentou
Lembrou duma ocasião
Não tendo o que comer
Foi no vizinho pedir pão
Daquele dia em diante
Nunca mais humilhação.
Catava lata na rua
Pra comprar livro importante
Estudava com um amigo
Que hoje é cabra errante
O estudo de Apolônio
Lhe fez de homem pensante.
Um certo dia na casa
O pai chora entristecido
Ele guarda na memória
O fato acontecido
Pensa quando fosse grande
Seu pai terá o merecido.
Foram horas de estudo
Que lhe valeu o esforço
Comeu o pão amassado
Como cachorro no poço
Apolônio no sacrifício
Na idade era tão moço.
A mãe fazia de tudo
Pra ele seguir estudando
O esforço valeu a pena
E conforto Deus lhe dando
O irmão de Apolônio
Teve que ir trabalhando.
A vida é muito ingrata
E alguém tem que optar
A opção do pai e da mãe
Deixou Apolônio passar
O que não teve, Antonino
Precisou logo parar.
Quando Apolônio viajou
Pra terra de Coxixola
A mãe se lamentava
E, Antonino se consola
Diz que a vida é assim
E depois volta à escola.
Ao ouvir estas palavras
A mãe chora arrependida
Mas, Antonino entende
E sabe de sua ferida
Deus proteja Apolônio
E lhe faça bem de vida.
O filho de Maria Benta
Precisou parar o estudo
Tão distante, Apolônio
Era um sabedor de tudo
Menino de muitos saberes
Doutor de mudo e surdo.
Totó era agradecido
Pelo Padre Bartolomeu
Por ter educado e criado
Um bendito filho seu
E era essa a ladainha
Que a família se meteu.
Adiante, o Antonino
Para escola voltou
Era como se fosse tarde
E nada o menino gostou
O negócio era o trabalho
Foi lá que ele se firmou.
Isso, deixou Apolônio
Se sentindo um culpado
Pensava, quando voltasse
Estudo ser ofertado
Se cumpriu a promessa
Daquele Ser educado.
O padre Bartolomeu
Já velho foi morar no céu
De volta à terra natal
Trouxe consigo o anel
Apolônio deu ao irmão
Um maravilhoso chapéu.
O irmão de Apolônio
Um exímio trabalhador
Não se deu bem nos estudos
E, porém, não se formou
Diferente do Apolônio
Que hoje era doutor.
Cuida de surdos e mudos
Tem clínica particular
Lá trabalhava o irmão
A finança foi controlar
E assim foi-se a dupla
Unidos a trabalhar.
O pai e a mãe já velhos
Em frente à praça moravam
Ouviam cantos dos pássaros
E daquela vida gostavam
Os irmãos prosperavam
E a ninguém se humilhavam.
Apolônio é resultado
Do estudante de valor
Não abandonou os estudos
E ler livros continuou
O que não teve o irmão
Que tão logo abandonou.
Apolônio é respeitado
Nome internacional
Onde passa é aplaudido
No seu trabalho social
Livros, os mais bem distintos
Com direito autoral.
O seu irmão, Antonino
É trabalhador de primeira
Aquilo que for braçal
Ele dar uma rasteira
Estudar como o irmão
Foi a falta de soleira.
Cada um tem o seu tempo
Aqui ninguém te implora
Uns estudam pra o mundo
Outro do lado de fora
Estudar sempre é bom
Centenas vão logo embora.
O que aconteceu com ele
Ninguém pode discordar
A vida tem cada coisa
Cada um vai recordar
O seu tempo de estudo
Tanta gente relatar.
Você seguiu sozinho
Com a força do poder
Querendo a todo custo
Uma formatura ter
Andando de todo jeito
E fez bem por merecer.
Aquele que não encontra
Chance para o seguimento
Faça uma reflexão
Somente por um momento
Às vezes o que acontece
É a razão em movimento.
Porém, é sempre importante
Estudar e querer ser alguém
Estudar faz bem ao pobre
Para o exercício do bem
Não abandone estudo
Nem você e mais ninguém.
F I M
João Pessoa-PB, 24 de junho de 2017.