O SUJEITO CHICO BALA

Quero me apresentar

O que o povo contou

Chico Bala é o tema

Que tão cedo se matou

Queria ele em vida

Mas que nunca se casou.

Por que nunca se casou

É para se desvendar

Talvez seja, nunca sei

Vou procurar estudar

Não quero saber de nada

Eu vou logo me mandar.

Vou me mandar para longe

Bem longe deste chalé

Falar com Dona Francisca

Casada com Zé Mané

Morador de Madureira

Perto dum pé de café.

Um pé de café bonito

Que não faz exportação

Servindo pros moradores

Numa simples refeição

Nas tardes de fevereiro

Na casa de Conceição.

Conceição é cidadã

Colhedora de sisal

Que nunca gostou de Chico

O filho de Juvenal

Devota de São Tomé

Pras bandas de Capinzal.

Capinzal já foi cidade

Hoje se chama Cajá

Terra de cabra safado

Que chegou lá do Pará

Trazendo dentro da mala

Um gostoso vatapá.

O vatapá é da Bahia

Do Cajá é cururu

Um sapo que já brincou

De ser na vida pitu

Pra viver dentro do mar

Espionando jaburu.

Jaburu já foi tratado

Pelo nome de pastel

Diante do temporal

Recebeu de carretel

O título de meu rei

Para conhecer cordel.

Esse cordel que não fiz

Eu nunca posso fazer

Se faço, Chico me mata

E perco todo lazer

Falam tanto desse Chico

Pra confundir meu prazer.

Meu prazer vai ser tentar

Fazer Chico nunca sair

Porque bala não se vende

Na venda de dona Nair

Lá só vende miudeza

E preços não vão cair.

Se cair não tem quem compre

E Chico não vai comprar

Chico gosta de vender

Ai daquele que não pagar

É bom tomar cuidado

Pra Chico não te pegar.

Se te pega com dinheiro

Quer logo tomar café

Pra misturar com bolacha

Numa reza de muita fé

Chico nunca foi devoto

Em santo sempre fez olé.

Olé de quem joga bola

É num só pé que se faz

Chico viveu de ter fama

De ser péssimo rapaz

Tentou jogar dominó

Não passou de ser fugaz.

O Chico por ser fugaz

Leu tudo sobre fugir

Pensou ser filho do mundo

Nem com isso tentou fingir

Foi fazendo desta vida

Um profundo escapulir.

Escapulir para Chico

Nem sempre foi muito bom

Preferiu viver sorrindo

E fabricar certo bombom

Por vezes sem ter sucesso

Ausente daquele som.

O seu som sempre potente

Infernizava quintais

Vizinhos tão revoltados

Ficavam feitos animais

Partiam pra cima de Chico

Tome nota nos jornais.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 18/08/2024
Código do texto: T8131511
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