O POETA E O BARBEIRO - VOLUME II

Este Cordel Brasileiro

Pede a sua paciência

Para ler com atenção

Esta tão louca indecência

Tirada dessa verdade

Que se ver na consciência.

Existem coisas na vida

Sem nenhuma explicação

Nesta agonia danada

Que se tem a sensação

De ver o comportamento

Levando pra maldição.

Eu falo isto e sei porque

Do fato que aconteceu

Sobre um poeta barbudo

Que por pouco não morreu

Ao tirar sua barba

De cara lisa nasceu.

Num dia meio esquisito

Na manhã tudo se estraga

Poeta pensou consigo

Naquela bendita praga

Se acordando estranhamente

Cabeça feito uma draga.

Pensava aquele sujeito

Daquela barba comprida

Ir direto resolver

Certos problemas da vida

Depois de tomar um banho

Fez então sua partida.

Ele tão sozinho estava

Pensou com tanto carinho

Pedir boa companhia

Daquele nobre sobrinho

Para irem no seu barbeiro

Traçando aquele caminho.

Há tempos não se viam

Saíram dialogando

O menino perguntava

Esta conversa aumentando

Quanto custava o serviço

E se ele estava gostando.

Seu tio informava tudo

Com seu jeito prestativo

O importante neste dia

Era ficar mais ativo

Disse aquele pensador

Sem ser interrogativo.

Com sua barba a fazer

A cara toda cobrindo

Só pensava em tirar ela

Que vivia resistindo

Se sentindo agoniado

Seu bigode sacudindo.

Naquele lugar chegando

O sobrinho olhou primeiro

Numa rapidez diz: - Tio

Eu acho que é seu barbeiro

Espie que multidão

O senhor é derradeiro.

Dito isto, aquele bom moço

Sem querer aperrear

Pois, ficou um pouco calado

Querendo se aproximar

Chegando neste salão

Tudo vem se atormentar.

Aquele barbeiro antigo

Que fez dele um bom cliente

Tava bastante ocupado

De freguesia decente

Naquele local repleto

Cada qual mais exigente.

O seu barbeiro sorrindo

Para o poeta dizendo

Que ele entrasse, se sentasse

E foi logo respondendo:

- Olhe bem este salão

O senhor assim tá vendo.

O poeta não entendeu

O seu cantinho de origem

E viu a tal quantidade

Onde todos ali exigem

Despediu do barbeiro

Tendo em seguida vertigem.

De repente em beco escuro

Um senhor ele encontrou

Dono da barbearia

Por ali mesmo ficou

O sobrinho acompanhando

Deste lugar não gostou.

Este jovem quis saber

Se o mercado tinha alguém

Que fizesse aquela barba

Pagando pouco vintém

Mas o poeta direto:

- Não vou mais pra seu ninguém!

Porém, o simples barbeiro

Com a perna feridenta

Nariz cheio de cabelo

A unha tão grande e nojenta

Causou no poeta, medo

E grosseiro, disse: Senta!

Aquela voz das profundas

Chegando ao estremecer

O poeta se entregou

Querendo compreender

Ficou do lado de fora

E começou a descrever.

Cabelo deste senhor

Sujo, bem despenteado

Deixando aquele poeta

Confuso, desesperado

Já sentado na cadeira

De parafuso quebrado.

Quase nada dava certo

Nas pretensões do poeta

Com a barba bem comprida

Segue depressa uma meta

Parando no seu barbeiro

A sala estava completa.

Que dia triste, meu Deus!

Este poeta nervoso

Pensando tanta bobagem

Num ritmo bem assombroso

Nunca entendia o momento

Mas se fez de corajoso.

Perecendo no seu íntimo

Deus que sabe definir

O barbeiro com voz lenta

Só tentava escapulir

Tava preso num salão

Sem querer veio a sorrir.

Aquele barbeiro deixa

Este ambiente ordinário

Deste poeta intranquilo

Ali, posto sedentário

Naquela velha cadeira

No mais tristonho cenário.

Todas as palavras do homem

No recinto ecoavam

Quis provocar no poeta

Fatos que se passavam

Talvez em vários poemas

De ouvir se lamentavam.

Como o poeta podia

Discutir a sua sorte?

Sofre aquele cavalheiro

Com receios de uma morte

Peça, gênero terror

Onde se acabava o forte.

Este mais novo barbeiro

Foi puxando um papo estranho

Falando de seus amores

Feito cabras em rebanho

Abordando todos eles

Sua orelha, olhe o tamanho.

Comunicação estridente

Animal conto de fada

E o poeta já dopado

Abrindo o olho, não ver nada

Se mostrando indiferente

Ficou de cara fechada.

O que quis este barbeiro

Foi querer só descobrir

O porquê daquele fato

Que nem podia fugir

Naquele cheiro por perto

E ele isto foi consentir.

Com navalha na garganta

E a barba cheia de espuma

O barbeiro no poder

Diz terrivelmente: - Suma!

A situação era triste

E o poeta não se apruma.

Poeta na tremedeira

Porque algo lhe dava medo

E este barbeiro contava

Uma dose de segredo

E o pior de tudo aquilo

É o final deste enredo.

O barbeiro se insinua

Expondo que foi traído

Fez sinal com a navalha

E tascou: - Sou um protegido

Soube que minhas amantes

Tinham a ti conhecido!

Finalizo este Cordel

De forma bem amigável

Não é bom ser apressado

Por vezes é ser estável

Nunca trocar o seguro

Pelo que é condenável.

FIM

João Pessoa-PB, 08 de maio de 2020.

BENTO JUNIOR
Enviado por BENTO JUNIOR em 17/08/2024
Código do texto: T8131274
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