O CRENTE 📚 E O CACHACEIRO🍺
Eu vou narrar um enredo
Que aconteceu em Taboca
Um bairro de Brogodó
Na praça da Pororoca
Em frente o bar de seu Cuca
Com cachaceiro Pinduca
E o protestante Pindoca.
O Crente, um homem que foca
Na familia e sua igreja
Pastor fiel ao rebanho
Do modo que Deus deseja
Na prece e na pregação
Com fé e Bíblia na mão
Prega tudo e não gagueja.
Filho de Tito Sereja
Empresário e fazendeiro
Investiu nos seus estudos
Que o homem tinha dinheiro
E com muito potencial
Entrou no colegial
Do exército brasileiro.
Foi um grande fuzileiro
Estudou teologia
Aprendeu literatura
Leis e sociologia
Conheceu um monge velho
E migrou para o evangelho
Mudando a filosofia.
Então com muita alegria
Voltou para o interior
Trouxe a esposa, dois filhos
E um diploma de doutor
Pra combater o pecado
Fez um templo ali do lado
E nele foi ser Pastor.
Foi na Rua do Motor
Bem pertinho, eu vou a pé
Tinha a casa do Vigário
O Coreto e o Cabaré
A feira, a delegacia
O Lojão do Mar e Cia
E a Casa do Candomblé.
E entre choupana e Chalé
Lá pelo tempo passado
Foram amigos de infância
Mais o destino pesado
Separou os dois amigos
Foram cumprir seus artigos
Cada qual seguiu seu lado.
Pindoca, mais abastado
Fez carreira com louvor
Foi Tenente Coronel
Comandante e aviador
Mas se rendeu aos papéis
Para arrebatar fiéis
Na palavra, o pregador.
Pinduca, um opositor
Que bem diferente do hino
Aprendeu beber cachaça
Nos tempos de pequenino
Uma lenda na cidade
Com todos tinha amizade
Por ser um grande ladino.
Sábio, nato e genuíno
Era mestre na gramática
Conhecia o mandarim
Falava em lingua asiática
No baralho estava só
Na sinuca e no totó
Bom de bola e matemática.
Raparigueiro na prática
Casado com Mariquinha
Depois de "bebo" era brabo
Pior que galo de rinha
Um infiel viciado
Com carimbo registrado
No Cabaré de Neinha.
Seu pai, caçava rolinha
Mas separado de casa
Sua mãe, a lavadeira
Zefinha de Dona Naza
Pegava cobra nas mãos
E tinha mais dois irmãos
Cospe Fogo e Come Brasa.
Católico que se embasa
Na fé de Jó e Abraão
Também Romeiro fiel
Do Padre Ciço Romão
E só falava ao contrário
Deturpando o itinerário
Da oposta religião.
O Pastor revendo o irmão
Naquele degredamento
Tentou encontrar no caos
Um nobre discernimento
Em forma de lenitivo
Pra resgatar o cativo
Desse mal comportamento.
Eu estava no momento
E vi tudo de pertinho
Pinduca, meio melado
Parecendo um coitadinho
De longe o Crente o avistou
Disse: - É agora que eu vou
Me aproximar de mansinho.
Se chegou devagarinho
Foi se fazendo presente
E disse: - O mundo mudou
Está muito diferente
Mas aqui não mudou nada
Eu vejo a mesma pisada
Que já vi antigamente.
O irmão estava crente
De converter seu amigo
Começou aconselhando
Para livrar do castigo
Desforrando a plantação
Semente da enganação
Na colheita do perigo.
Como se deu eu lhe digo
Vinha com Chico de Nôca
Quando avistei a resfrega
Fiquei de cabeça ôca
Neste conflito de idéias
Formou-se duas platéias
E nenhum ficou de tôca.
Cara a cara boca a boca
Cada qual mais preparado
Expondo fato e razão
Sobre o que tem pesquisado
De luxúria e perdição
Pecador e traição
Pelo que tem estudado.
Pindoca disse: - Cuidado!
Com a banalização
Pois nos costumes mundanos
Tem muita depravação
Quem interage com isto
Não vê a volta de Cristo
E nem a sua salvação.
Pinduca disse: - Pois não!
Me atenho ao que me mantem
Dignidade e trabalho
Isto que o senhor não tem
Vivendo de coisa feia
Se fala da vida alheia
Fala da minha também.
Meu irmão já é refém
Das arruaças do mundo
Não reza, nem ora a Deus
Artista do submundo
Bebe, briga, fuma e joga
Usa crack, vende droga
Um exímio vagabundo.
Pastor se julga oriundo
Na teoria sagrada
Mas se está me esculachando
Prova que não sabe nada
Se Jesus não humilhou
Não desprezou, nem jugou
Nenhuma alma penada.
Você está de zoada
Está caçoando de mim
Mas irmão tenha cuidado
Você não sabe seu fim
Jesus chama por amor
Quem não vai, vai pela dor
Porque com Deus é assim.
Gado gosta de capim
O italiano de massa
Fofoqueiro de intriga
E eu da minha cachaça
Valentão é de brigar
E você manipular
Os fiéis ali na praça.
Irmão deixe de pirraça
Venha para igreja orar
Não profane a divindade
Pra Jesus lhe abençoar
Venha dobrar os joelhos
E ouvir os nossos conselhos
Para o milagre alcançar.
Eu quero recomeçar
Você me mostre que tem
Um caminho diferente
Que leve a Deus ou além
Porque trabalho na praça
Sou bebedor de cachaça
Mas não ofendo a ninguém.
Isso é um grande porém
Não agir com devoção
Se não é temente a Deus
Não tem um bom coração
Por mais que não faça mal
Esse caminho é fatal
Só renderá punição.
Não sou de cultuação
Mas tenho muito cuidado
Nas escrituras sagradas
No que elas tem ensinado
Embora bem diferente
Mas de modo inteligente
Eu não me trago enganado.
Você é um relaxado
Filho ruim e um mau pai
Jesus te levanta sempre
Mas volta a tombar e cai
Vive assim embriagado
Conversando leriado
Sem saber nem pra onde vai.
Pra ser de Deus samurai
Equivocado lhe noto
Me confesso, vou a missa
Sou dizimista e devoto
Bebo do meu trabalhar
Ajudo a quem precisar
Do meu bolso tiro e boto.
Se quer ganhar o meu voto
Me diga a fé o que é?
Crente tem que ser fiel
Guerreiro igual Maomé
Não cheio das artemanhas
Querendo mover montanhas
Sem ter um pingo de fé.
Tô lhe achando um "mané"
Pelos julgamentos seus
Pagarei tudo que devo
Ao chegar nos pés de Deus
Erros todo mundo tem
Você sabe muito bem
Não venha julgar os meus.
Que fará perante Deus
Se chegar embriagado?
Pedirá uma de cana,
Ou pagará seu fiado?
Que aqui morreu devendo
Eu já sei, estou dizendo
Que não será perdoado.
Você tá mal informado
E é falta de competência
Quer prever o meu futuro
Mas não tem inteligência
Isto é coisa muito feia
Mal julgar a vida alheia
Pautado na prepotência.
Por falar em excelência
Me diga exemplo o que é?
Se só vive embriagado
Na porta do cabaré
Junto com os beberrões
Prostitutas, sapatões
E toda classe ralé.
Para um profeta da fé
Vejo mesmo que estais
A mal julgar essa gente
Como julga a outros mais
Não passa d'um insolente
Arrogante e prepotente
Isto pra mim é demais.
São todos uns marginais
Vivem bebendo e fumando
Falando em se libertar
Mas saiba que estão pecando
Nesta vida de arruaça
Se briga e bebe cachaça
Que Deus estão cultuando?
Você está blasfemando
Leva o tempo em acusar
Se é discípulo de Cristo
Pois não sabe praticar
Facilmente se induz
E se for pregado na cruz
Será que vai perdoar?
O que estou a divulgar
A você não enaltece
Falo da Bíblia sagrada
Livro do qual desconhece
Por cultuar a gandaia
Um cabra da sua laia
Confiança não merece.
Qualquer um que lhe conhece
Sabe que não tem razão
Cristo não julgou ninguém
E olhe a sua reação
Por causa do que eu falei
Você profanou a lei
Sem levar um empurrão.
Eu chamo mais um irmão
Para nós lhe exorcizar
E expulsar o mal espírito
Que tenta lhe derrubar
No mal que você padece
Nem um vivente merece
Por esta prova passar.
Não tente me enrolar
Tagarelando besteira
Você gosta de conforto
Nunca pregou numa feira
Por que lá o sol é quente
Templo sem luxo presente
Não venha falar asneira.
Irmão isto é baboseira
Que eu nunca fui chamado
Para pregar a vocês
Neste corviu do pecado
Mas se tu me convidar
Hoje mesmo eu prego lá
Arrebatando um bocado.
Jesus sem ser convidado
Pregou livre onde viveu
Para cegos e aleijados
Cananeus e saduceus
Pregou em Jerusalém
Da Galileia a Belém
A cristão e fariseus.
Jesus o Rei dos judeus
Tinha o poder da visão
Sabia quem realmente
Necessitava de unção
Nada pra ele era incerto
Qualquer lugar era certo
Pra curar e dar perdão.
Você se diz um varão
Trajando seu paletó
Escolhendo onde pregar
Pregando uma coisa só
Mostre que é mesmo crente
Porque sou inteligente
E estou no seu mocotó.
Crente fiel vem do pó
Pra propagar sua fé
Se até o diabo é crente
Porque o senhor não é?
Muito embora no papel
Eu quero ver ser fiel
Qual Jesus de Nazaré.
Um crentezinho ralé
Como aqui se pode ver
Nem Jesus falou por ele
Seu pai quem mandou dizer
João doze, quarenta e quatro
Por isso não idrolatro
Nem me diga o que fazer.
Jesus mandou te dizer
Se atente nas profecias
Mateus vinte oito vinte
Não fala em idolatrias
Isto é palavra de Deus!
Estarei junto dos meus
Até os ultimos dias.
As pessoas arredias
Junto aos povos pecadores
Todos merecem perdão
Todo mundo tem valores
Seja do mal ou do bem
Deus não condena ninguém
Por conhecer suas dores.
Somos fiéis zeladores
Desdenho a libertinagem
Lá no céu a coisa é séria
Porque não tem fuleragem
Se converta e venha cá
Se você quer ir pra lá
Vá reservando a passagem.
Para a sua pabulagem
Eu não tiro meu chapéu
Sei que você tá blefando
Mas eu não caio em sovéu
Só no último momento
Confessarei à contento
Meus pecados no alvéu.
Você almeja ir pro céu
Mas não cuida do translado
Quer mudar de endereço
Com passaporte atrasado
Morar lá no céu é bom
Fazer por onde é um dom
Só vai quem tá preparado.
Você está preocupado
Com sua mala arrumada
Mas lá não entra bagagem
E a sua é muito pesada
Só levo graça e união
Para trocar por unção
Como aluguel da morada.
Não venha com palhaçada
Desculpas nem invenção
Deus não perdoa calote
Nem aceita enrolação
É bom que esteja seguro
Lá no céu só entra puro
E os limpos de coração.
Isto é só superstição
Você não pode provar
No céu não tem wi-fi
Ninguém usa celular
Você comete é burrice
Me diga quem foi que disse
Que Deus vai lhe perdoar?
Pra você conectar
Nossa internet divina
É só acessar a Bíblia
Fonte pura e cristalina
Que é um santo remédio
Para curar dor e tédio
Melhor do que aspirina.
Eu recomendo morfina
Pra dor no corpo e até
Cachaça pra dor de corno
Pastor sabe como é
Mas pra razão obscura
Nem mesmo a palavra cura
Se o mal é falta de fé.
Busque enquanto está de pé
E não tente trambicagem
Perdão na última hora
Para mim é vadiagem
Você tem a vida inteira
Veja se não faz besteira
Que isso aí é malandragem.
Você diz muita bobagem
Dando lição de saber
Vá pregando na oração
Mas sabendo o que dizer
Que eu bebo minha cachaça
Mas nunca fico de graça
Pra quê vou me converter?
Irmão procure entender
Salvação é caso sério
Mas é um cego da fé
Quer viver em adultério
Em farra e na curtição
Álcool, e prostituição
Desconhecendo o mistério.
Colega seu ministério
Vive uma grande contenda
Irmão atacando irmão
Lhe respeito não me ofenda
Já diz o Padre Laércio
Religião é comércio
Mas eu não estou à venda.
Por favor me compreenda
Eu quero lhe resgatar
Meu irmão está perdido
E o meu dever é lutar
Lhe ofertando a salvação
Essa é minha obrigação
Que custe-me o que custar.
Você vive de acusar
Falando de Barrabás
Da mulher de Putifar
De Caim e Satanás
Balaão, Iscariotes
São águas dos mesmos potes
Se afogarão nos umbrás.
Lúcifer não tem cartaz
Pois vivo de vigiar
Por isto é que eu oriento
Aviso e tento mostrar
Que ele veio destruir
Separar e perseguir
Quem não se policiar.
Às vezes chego a brigar
Tem arenga e discussão
Mas tem amor e carinho
Tem chamego e tem paixão
Tem fé com obediência
Tem paz e benevolência
No meu pedaço de chão.
Eu vivo da comunhão
Na pregação e louvor
Culto, oração e mistério
Paz, carinho e muito amor
Com Arpa e Bíblia Sagrada
Para vencer a jornada
Ao lado do Salvador.
Irmão esqueça o pudor
Confesse a sua verdade
Que na sua igreja tem
Artimanha e má vontade
Irmã com short curtinho
Mostrando seu umbiguinho
Causando adiversidade.
Sim! Sei, é tudo verdade
São obras de Satanás
Mas eu estou vigilante
Firme, forte e dando o gás
Nem me preocupo com isso
E quem não tem compromisso
Estou deixando pra trás.
Foi a filha de Zé Brás
Aquele doce brotinho
Passeando pelo culto
Com um belo decotinho
E o seu corpo caliente
Você ficou diferente
Quase perdeu o caminho.
Eu já estive sozinho
Defronte ao passarinheiro
Mas resisti com fervor
Por ser crente verdadeiro
Nunca estou despreparado
Vivo sempre com cuidado
Para enfrentar o balceiro.
O crente sendo pereiro
Tem minha admiração
Tem muito crente mufumbo
Se fazendo de mourão
Dando uma de bom criolo
Mas é casca sem miolo
Sem fé, sem adoração.
Me desculpe a expressão
E vamos parar a intriga
Irmãos não podem brigar
Por que se não Deus castiga
Deixe esse mundo pra lá
Venha pra o lado de cá
Para acabarmos a briga.
Irmão deixe de fadiga
Vá sozinho que eu não vou
Você está preparado
Eu sinto que não estou
Você já é um docente
Já é fruto com semente
Mais eu ainda não sou.
Meu perdão eu já lhe dou
Deus dá o dele também
Meu irmão Jesus lhe ama
E você sabe que tem
A confiança de Cristo
Eu confio, não desisto
Glória a Deus e diga amém.
Todo dia Deus nos vem
Nos dá oportunidade
Vamos abraçar a Cristo
Caminhar pra divindade
Quem tem erros conte os seus
Nós somos filhos de Deus
Irmãos da humanidade.
Não terá fatalidade
Vamos a ressurreição
Cristo pagou no madeiro
O pecado da nação
Provou do beijo infiel
Mas lá padeceu fiel
Para a nossa redenção.
Muito agradeço ao irmão
Tentando me orientar
É um pescador de almas
Está sempre a trabalhar
Nunca temeu imprevisto
Fazendo a obra de Cristo
Jamais deixou de lutar.
Deus me ordenou a pregar
Para o novo e para o velho
Quem não fizer da doutrina
Terra para escaravelho
Basta não ficar com medo
Com Jesus não tem segredo
Só salvação e evangelho.
FIM.