O poeta da roça
Com as mãos calejadas
Passo o tempo todo roçando
Pegado no cabo da inchada
Aquele mato limpado
Sou filho do interior
Matuto por natureza
Que trupica nas palavras
E gagueja muitas vezes
O terraço é meu divertimento
O chão batido é minha riqueza
Carregar água e lenha
Me deixa satisfeito
A lida é pesada
A onde arranco toco e derrubo espinheiro
Onde gente preguiçosa não vai
Nem aguenta o tranco o dia inteiro
Sou marrento e observador
Estudo eu tenho pouco
Mas uma coisa posso dizer
Sou caboclo arrochado todo
Abro a minha mão
Olho o tanto de calo
É o sangue descendo na inchada
E eu trabalhando dobrado
Não tenho frescurinha
Ou cara feia pro trabalho
Ou que eu tenho mesmo
É muita força de vontade