Amazônia
Sou um ferro enferrujado
que aos poucos vou se
desgastando, e por mais
que eu seja pintado por
dentro vou me acabando,
sou um trapo rasgado
que já foi tão usado
conforme o tempo foi
passando.
Sou um graveto cruzado
e por mais que eu seja
utilizado sinto o fogo se
aproximando, sou um rio
manchado e sem meus
verdes dos lados aos
poucos vou secando,
sou o cantar dos pássaros
preso em graveto cruzado
vou perdendo o canto.
Sou a carne no prato
morto e cozinhado para
satisfazer sua fome, sou
um livro jogado sem capa
e sem nome, sou um
vagalume apagado
vagando para qualquer
lado no escuro que me
consome.
Sou uma rosa sem cor
e por mais que eu seja
flor não tenho mais o
perfume, sou a escadaria
da vida sem degrau e
sem subida sou o ferro
que o ferrugem come,
um corpo sem sangue
sugado pela maldade
de quem me consome.
Sou um paraíso perdido
devastado e poluído
pela destruição do gigante,
sou uma raiz descoberta
sem água e sem Terra
sem seguir adiante,
sou a mãe natureza
acabada sem beleza
pela ambição do homem.
Sou o que chamam de
planeta, afogado na tristeza
o verde virando terra seca
e sem água na fonte, sou
um futuro sem vida a vegetação
perdida o transgênico apressa
minha partida para um triste
horizonte.
Sou o que o dinheiro não
compra, sou o ar e a sombra
sou a terra que se planta e
a água que te banha, sou o
começo do fim e por não
cuidar de mim vou virando
um mar seco sem ondas,
sou o planeta terra a caminho
da miséria pela ignorância
humana.