VOZ QUE CANTA DO SERTÃO (Uma homenagem ao poeta Patativa do Assaré aos 80 anos

Autor: Gerardo Carvalho Frota (Pardal)

Por ter n’alma muita fé

Até hoje está de pé

Marcando bem nosso chão

Pra que todo mundo escute

A força que repercute

NA VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Poeta que sente a dor

Deste sertão sofredor

Nele vive em comunhão.

Pelos fracos pelo pobre

Canta seu canto nobre

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Traz no rosto sofrimentos

Causados pelos tormentos

Vividos neste torrão.

Mas na alma está bem viva

A energia de Patativa

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Não só canta o seu protesto

Como faz seu manifesto

De uma pura compaixão.

Pois é passível às dores

Dos seus irmãos sofredores

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Pelos cantos se apregoa

O seu canto que ressoa

A mais pura inspiração

Que neste “pardal” se aviva

Um canto pra Patativa

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Com seu canto realista

Que nunca foi fatalista

Pois sabe bem a razão

Desta vida ter seus prantos

Que às vezes abafa os cantos

DA VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Traz no peito a humildade

Na vida serenidade

Pra toda sua geração.

Eis a lição tão discreta

Do nosso grande poeta

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Com toda a sua simpatia

Traz em cada poesia

Os traços de bom cristão.

Pois canta sua fé em Deus

Na vida dos irmãos seus

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Neste Nordeste sofrido

Donde se ouve o gemido

De um povo sem proteção,

Ha uma ressonância viva

Do canto do Patativa

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Do caboclo nordestino

Seu canto desde menino

Traz fiel compreensão.

É poesia compassiva

O canto de Patativa

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO

No Brasil e no exterior

Está espalhado o valor

Do poeta e sua canção.

Que desperta em todo mundo

Um sentimento profundo

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Lá no seu torrão natal

Não há outro canto igual

Que traga no seu refrão

A vida do camponês

Que não deixa de ter vez

NA VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Cante lá que eu canto aqui

É a canção do Cariri

Que extrapola esta Nação.

Canto que não tem fronteira

Ouve-se em terra estrangeira

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Canta a roça e a cidade

E toda a sociedade

Que vive neste torrão:

É poesia social

De riqueza cultural

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Num tempo seco danado

Morre planta, morre o gado

Não nasce nada no chão.

Há uma oração que socorre

No canto que nunca morre

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Quando no sertão querido

Tudo parece perdido

Ouve-se a voz da canção

Da poesia bem ativa

Cantada por Patativa

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Traz no seu canto a alegria

De quem vive em harmonia

Com sua gente com seu chão

Onde sempre fez seu ninho

E nunca cantou sozinho

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Em cada verso traçado

Do seu poema rimado

Nos traz a grande lição:

Só mesmo a força do amor

Move com tanto fervor

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Na sua Assaré querida

Tudo é sinal de vida

Exceto o cruel verão.

Mas fica viva a esperança

No canto que nunca cansa

DA VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

A Deus se eleva uma prece

Mais que isso se agradece

Por este Poeta irmão.

Que apesar dos desalentos

Multiplicou seus talentos

Na VOZ QUE CANTA O SERTÃO...

Da poesia popular

Por aqui neste lugar

Não há maior expressão.

Todo sertão reconhece

Seu povo jamais esquece

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO!

O seu jeito humilde e terno

Traz em si valor eterno

Que chamo de mansidão.

Leva a vida assim tranquilo

Sem nunca perder o estilo

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Quando Patativa canta

Todo o sertão se levanta

Pois é grande a vibração

No peito daquela gente

Que escuta tudo o que sente

Na VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Com a mão encaliçada

De escrever com a enxada

O seu poema no chão,

Completa os OITENTA ANOS

Entre enganos, desenganos

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO

Canta um canto penitente

Pede ao Deus Onipotente

A mais pura compaixão

Deste povo nordestino

Para que mude o destino

DA VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Com sua vida discreta

Vai andando este poeta

Orgulho desta Nação!

E com o passar dos dias

Canta dores e alegrias

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

O seu cantar não tem hora

Por este Brasil a fora

Aspirando um mundo irmão.

E com vigor da garganta

Sempre atenta se levanta

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Por ser um “cabra da peste”

Sempre cantou o Nordeste

O seu querido torrão.

E sua Assaré querida

Canta a morte, canta a vida

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Entre gostos e desgosto

É com o suor do rosto

Que sempre ganhou o pão.

Pra sustentar a família

Que hoje canta a maravilha

Com A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Pelo poeta da terra

Nascido num pé de serra

Aos Céus nossa gratidão.

Deus conserve sempre viva

A canção de Patativa

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

Estas são as homenagens

Aqui por estas paragens

Do fundo do coração

De um “pardal” de voz ativa

Para o ilustre PATATIVA

A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.

FIM/1989 - Fortaleza(CE)

Gerardo Pardal
Enviado por Gerardo Pardal em 23/02/2021
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