ARRASTANDO

A cidade do Recife

Claudicante, desprezada

Rejeitou a delegada

Por um jugo de família

Poupe Deus desta agonia

Ver um povo dominado

Sem futuro só passado

Esmolando a cada dia

Só credito a uma sina

Ver tamanha servidão

Como gado, sem noção

Do perigo que lhes ronda

Pela foice e o martelo

Com a cabeça à guilhotina

Liberdade frágil finda

Sob as hostes do cutelo

Ó medonha dependência

Quis o destino forjar

Nessa gente dita nobre

Que desfruta sol e mar

Só afagos duvidosos

E promessas mentirosas

Viciadas desastrosas

Que se faz perpetuar 

Jamais pensei tão forte

Esse ópio do acalanto

Fixado qual um poste

Inibindo a dor, o pranto

Resta um povo sem civismo

Combalido e servil

Incapaz de ver o brio

Do seu próprio ativismo.

E com dor por fim registro

Sendo parte desse enduro

Ante a luz vinda de um Mito

Sigo em frente sem futuro

É preciso o sofrimento

Construir felicidade

Vendo paz e liberdade

Esperar o seu momento