SEMPRE HÁ RECONSTRUÇÕES

Esse primeiro cordel que escrevo

Com rima ele deve ter

E em sextilha será composto

Para assim vocês poderem viver

O amor e a confusão de quem compôs

Um cordel bonito de se ler.

Contarei uma história

De um ser que em suas primaveras

Sempre achou que sabia que soubesse

Que amar era o sentimento que teve por aquela paquera

Mas só demonstrava o silêncio e o fingimento

E dessa forma mais parecia uma megera

O ser sofreu silenciosamente por anos

Ao ver sua paquera com sua amiga

Mesmo sabendo que para ela era só um passatempo

Pois ela fazia o outro de bexiga

Inflava de esperança e depois furava como uma criança

E no fim, o ser virou amigo da paquera, não diga?

No entanto ela se apaixonou por outro ser

E também não conseguiu demonstrar

Ela queria ter voltado no tempo

Mas o tempo por mais justo que tenta demonstrar

É impiedoso e maldoso

Pois o ser ficou sem as cartas enviar e as palavras falar

Não sei por que cargas d’água

Os caminhos do ser e da paquera se cruzaram

Trocaram cartas

Até que se falaram

A paquera ficou estupefata com aquilo

Nem se imaginavam

Mas no fim

O ser também com receio ficou

E a paquera abandonou

Sem entender por que mudou

O ser não suportou

A distância que ficou

E na concha se fechou

Por anos o ser ficou na concha cultivando sua pérola

Até que apareceu o pescador

E a pérola mesmo que troncha e machucada

Ele logo percebeu o horror

E tratou de ajudar a pérola voltar

A ser um esplendor

Hoje o ser e o pescador cultivam bem a pérola machucada

Porque ela ainda tem suas deformações

Mas é lindo ver o pescador

Arrumando soluções

Para mostrar ao ser que mesmo com tudo isso

Sempre há reconstruções.

Reconstruir com amor...

Não tem coisa mais profunda

Pescador trouxe acalento

E com seu amor ajuda nas feridas mais contundas

E a vida se vai indo

Se reconstruindo nessa terra fecunda