HOMEM QUE BATE EM MULHER É SÓ MAIS UM SER FRUSTRADO COM A MASCULINIDADE.
POR JOEL MARINHO
 
Eu me debruço agora
A fazer uma narração
Não é aquela História
De final feliz e perdão
Eu vou falar de um assunto
Que mistura “amor” e defunto
Ira, violência e caixão.
 
Violência contra a mulher
É do que eu vou tratar
Essa desgraça que aflora
Aqui e em qualquer lugar
É um “vírus” tão fatal
Que causa um terrível mal
Difícil de acreditar.
 
Homem que bate em mulher
É um tremendo topeira
Na certa é um homem fraco
E pra estar na dianteira
É como um verme nojento
Pelo jeito nasceu do vento
Ou é filho de chocadeira.
 
Porque homem de verdade
Não vive “limpando” a mão
Na mulher que diz que ama
Falando com emoção
Uma hora beija e abraça
Mas com raiva ele o desgraça
 E o ataca com um facão.
 
Sai arrotando e dizendo
Aqui quem manda é eu
Parece que a ele falta
O que preencha o ego seu
E para se sentir macho
Dá a parceira esculacho
Faz um inferno os dias seu.
 
Ao invés de elogiar
Chama de puta e de vaca
Olha só o que se passa
Na cabeça de um babaca
Começa com palavrão
Depois a bate de mão
E no final usa uma faca.
 
Mas poeta, eu sou homem
E mulher é um ser complicado
Não senhor, ela é humana
Você que é abobalhado
Sangre você todo mês
Mude os hormônios e talvez
Justifique o seu legado.
 
Estude um pouquinho mais
Sobre os hormônios cruéis
Coloque-se no lugar delas
Tente inverter os papéis
Depois que compreender
Venha a eu convencer
Se nós chegamos aos seus pés.
 
Mulher não é complicada
Complicado é o macho
Não menstrua ou engravida
Não sente cólicas no “cacho”
Fico aqui imaginado
A cólica nos apertando
Lá pelos “países” baixos.
 
Só com uma dor de barriga
O homem grita e chora
Imagina uma cólica
Jorrando sangue pra fora
Era todo mês um parto
Clamando com choros fartos
Por Deus e Nossa Senhora.
 
Deixemos a dor de cólica
E as mudanças hormonais
E vamos nos concentrar
No macho “alfa” voraz
Que se acha autoridade
E da mulher faz propriedade
Porém é frouxe demais.
 
Na verdade é um frustrado
E por vezes é doente
Tem uma baixa autoestima
É uma “criança” carente
Pra suprir a necessidade
Impõe a masculinidade
Com um jeito insolente.
 
Torna-se um ser desprezível
Muitas vezes causa pena
Se não tiver ao seu entorno
A vida de sua “morena”
Ele se torna bichão
Baforando palavrão
Pra tudo faz uma cena.
 
Ainda lá no namoro
Já começa o perigo
Se o cara te proíbe
De conversar com um amigo
Ou impõe qual é a roupa
E a cor do batom na boca
Caia fora é o que lhe digo.
 
Impede-te cortar o cabelo?
Toma conta do celular?
Nesse momento o barco
Já começa a afundar
Eu falo aqui como amigo
Fuja fora do perigo
Antes de se afogar.
 
Porque depois que ele casa
Passa a lhe chamar de feia
Por qualquer coisa ele o xinga
E a violência incendeia
Pelo cabelo puxão
Depois vem o empurrão
E logo, logo vem peia.
 
Se achando o machão
Não te deixa trabalhar
Nem mesmo com as amigas
Você pode conversar
Pra ele tudo é traição
Vira um “menino” birrão
Difícil de aturar.

Geralmente o final
Disso não é nada mágico
Vela branca e caixão roxo
Compõe um cenário trágico
A família estraçalhada
E vidas despedaçadas
Em meio a sonho autofágico.
 
Pior que quem está fora
Ver o barco afundando
Mas quem está dentro do barco
Fala ele está mudando
Ontem tivemos horrores
Mas hoje me trouxe flores
Ele está se superando.
 
Não é só ele o doente
A mulher já adoeceu
Quando ele está batendo
Daquele jeito só seu
Diz para a dita mulher
- Ninguém mais a você quer
O seu único amor sou eu.
 
Ela torna-se cativa
A empregada, a escrava.
Sua baixa autoestima
Cada vez mais se agrava
E assim se torna doente
De carinho dependente
 E mais e mais ela trava.
 
Ainda tem a dependência
Chamada de financeira
Por não poder trabalhar
Fica ela a vida inteira
Dependendo do indivíduo
O qual chama de marido
Que é nada mais que uma topeira.
 
Tem umas que vão vivendo
A vida inteira aturando
E dentro dessa desgraça
Ela vai se acostumando
Fazendo o que o outro diz
Representa igual atriz
E sucumbe no oceano.
 
Tem outras que se rebelam
E conseguem se livrar
Cheias de dores e traumas
Difíceis de superar
Corroídas corpo e alma
Com sapiência e com calma
Conseguem se libertar.
 
Já outras, porém sucumbem.
Nesse mar de violência
Depois viram estatísticas
Nem recebem condolência
Só mais uma que sucumbiu
Nas mãos de um homem hostil
Com a justiça em falência.
 
E aqui eu me despeço
Deixando a você mulher
Apenas um grande aviso
Acredite se quiser
Quase todos têm ciúmes
Porém não se acostume
Apanhar até morrer.
 
Digo antes de ir embora
Seja uma mulher sensata
Todo ciúme demais
Torna a mulher insensata
Um casamento com brilho
Precisa ter equilíbrio
Se não acaba em bravata.
 
Deixo aos homens também
Aquele grande abraço
Amem as “suas” mulheres
E não vá cair no laço
Da violência sutil
Não seja um grande imbecil
Não vá cair no fracasso.
 
E só para terminar
Acorde a “sua” mulher
Com a música que ela gosta
E com um belo café
Elogie o seu sorriso
Transforme num paraíso
Seu lar com amor e fé.
 
Porque com a violência
Não há como ter amor
Porrada com romantismo
Nada mais é que só dor
Se romantiza a violência
Procure uma emergência
De terapia, por favor!