TEMPO ESTRANHO

Cordel no estilo GALOPE À BEIRA DO MAR

TEMPO ESTRANHO

Olhei o horizonte nesse tempo estranho

Mergulhei no mar do meu interior

Minh'alma dormente sentiu um pavor

Como um pesadelo vivido num sonho

Senti lá no fundo um medo medonho

A realidade me fez acordar

Pro mundo real me fiz retornar

Pessoas morrendo estatisticamente

Onde números frios não tocam a gente

São vidas que caem na beira do mar

Parece uma guerra o tempo presente

Sem vermos soldados, armas, munições,

Nem tanques, navios nem porta-aviões

Destruindo alvos que vêm pela frente

Nosso inimigo invisivelmente

De forma veloz foi se espalhar

Agressivamente pode nos matar

Estamos na mira de um vírus mortal.

Será que é a terceira guerra mundial?

Eu vou galopando na beira do mar

Saí no meu carro, parei no sinal

O som do silêncio soou no vazio

A espada do medo me deu arrepio

As ruas desertas, meio surreal

O cotidiano saiu do normal

Sem gente nas ruas a se misturar

Asfaltos, calçadas no mesmo lugar

Nenhum transeunte andando apressado

Vi o horizonte tão despovoado

Nessa quarentena na beira do mar

Quem sai de casa tem que ter cuidado

Manter a distância de aglomeração

Sem beijo, abraço, aperto de mão

Olhos de acrilico num rosto telado

Gente mascarada pra tudo que é lado

Longe um do outro para conversar

Nenhum objeto se pode tocar

Álcool gel nas mãos pra se proteger

Somente um auxílio pra sobreviver

É vida que segue na beira do mar

O sol clareando, novo amanhecer,

Começa a rotina do isolamento

Os dias iguais é grande o tormento

Tarefas domésticas começo a fazer

Almoço e janta, hora de comer

No meu home-office eu vou trabalhar

O dia anoitece já vou me deitar

De um lado pro outro, na cama rolando

Brigo com a insônia, o sono chegando

Já é madrugada na beira do mar

O coronavírus foi se alastrando

Cidades, metrópoles, escolas, fechadas

As economias sendo abaladas

Sem pedir licença chegou arrasando

O maldito vírus veio desenhando

Coisas impossíveis de imaginar

O mundo moderno, desacelerar,

Tirano invisível que não conhecemos

Dia após dia mais vítimas vemos

Num apocalipse da beira do mar

Tempo de incerteza é o que nós vivemos

Nos deixa confusos, tristes, vulneráveis.

Tragédias e traumas tão incalculáveis

Fraquezas no espirito todos sentiremos

O pior de tudo é que não sabemos

Se essa pandemia logo vai passar

Lições disso tudo devemos tirar

Na paz, no amor, tendo consciência

Que Deus proverá com fé na ciência

Vacina pro vírus na beira do mar

Alexandre de Sousa Costa
Enviado por Alexandre de Sousa Costa em 23/05/2020
Reeditado em 15/06/2020
Código do texto: T6956320
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