UM VELHO FUGITIVO


A FUGA DO VELHO

Entei no carro e rodas a quem  mi quer
Imaginei seja lá  o que Deus quiser
Protejam-me Jesus a virgem  Maria e São José
Peguei a estrada sem olhar pra tráis
Com que idade nem lembro mais
Quando entrei na lida com meus pais

Nunca tenho  férias na vida
Agora com a rotina interrompida
Por esta pandemia maldita e atrevida
Tornei-me um prisioneiro do destino
Fragilizado por este  viros assasino
Enjaularam -me como eu seja um felino

Acho que ninguém me viu escapar
Pelo medo de me contaminar
Saí de fininho antes do sol raiar
Paguei balde canivete e um facão
Um pete  com água álcool gel e sabão
Olhei pros lados  tudo deserto e solidão

Ao chegar ao meu  pedacinho de chão
Onde plantei os meus sonhos de então
Voltei no tempo acalentando o coração
A saudade trazendo-me dos velhos tempos
A cadência do luar a brisa e o açoite do vento
Minhas lutas meus maus e meus bons momentos!

Ouvi  um gato à miar, no curral   o gado mugindo
Entre plumas, encantada e bela a lua fugindo
No horizonte ao amanhecer com  o sol surgindo
A natureza bocejando vestindo de noiva a serra
Espalhando o sereno e orvalhado a terra
E escondido cá estou eu, com a corona em guerra!

Se acaso derem falta de mim por algum momento
Não se façam de rogados nem me procurem ao relento
Abram o mapa do mundo consultem a rosa dos ventos
Vertam ao leste no lado do sol poente sigam o meu caminho
Vão  deparar comigo na roça num bosque no meu cantinho
Paraíso onde respiro  ar puro  e ouço o cantar dos canarinhos!






 (Imagem  do googlI )
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 29/03/2020
Reeditado em 30/03/2020
Código do texto: T6900468
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