CORDEL – Mote – Reconheço o marinheiro – No meio da tempestade – 07.12.2018 (PRL)
 


CORDEL – Mote – Reconheço o marinheiro – No meio da tempestade – 07.12.2018 (PRL)
Oitavas de sete sílabas poéticas



(1)
Na vida tem muita gente
Escondendo a profissão
Mas isso ficou patente
Sendo mesmo aberração
Fui cliente dum barbeiro
Se ocultava na cidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(2)
Ser pobre não é problema
Merece toda atenção
Não me parece um dilema
Sendo boa a educação
Por exemplo um  boiadeiro
Domando um boi de verdade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(3)
Sou um sujeito do mato
O sertão é minha vida
Não aceito desacato
Sou como fera ferida
Também já fui um brejeiro
Morando noutra cidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(4)
Eu vivo da agricultura
Da pecuária também
Mas já  comi tanajura
Nada devo a ninguém
Certa vez eu fui bombeiro
Uma grande autoridade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(5)
Quando o mar tá agitado
Tem de ter bastante calma
Não ficar contrariado
Pois não escapa vivalma
Uma vez fui camareiro
De boa comodidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(6)
Na fazenda tem peão
Gente de categoria
Que gosta de coração
De trabalhar de vigia
Porém lá sou cavaleiro
Tudo na tranquilidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(7)
Nunca abati animal
Não farei essa besteira
Porém faço o principal
Pois os prendo na porteira
Nem mesmo com um carneiro
Terei tanta crueldade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(8)
Certa vez na vaquejada
Conheci um sertanejo
Que dominava a vacada
E tinha um bom manejo
Era amigo do coveiro
Sujeito de habilidade

Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(9)

O vigia da fazenda
Fala que é segurança
Toma conta até da venda
Que ganhou como herança
Nunca disse ser vendeiro
Com total honestidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(10)
Tem um cara bem faceiro
Arranjador de mulher
Que saiu com um barqueiro
Num dia desse qualquer
De profissão um torneiro
Com boa praticidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(11)
O navio quando parte
Numa viagem normal
Seu passageiro reparte
Pro peso ficar normal
Principalmente em cruzeiro
Em boa velocidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(12)
Jesus Cristo era artesão
E decerto bom obreiro
Aprendeu com São João
Mas não ganhava dinheiro
Mas foi um bom marceneiro
Desde a sua puberdade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(13)
Tive um amigo bacana
Que gostava de beber
De vez em quando o sacana
Pretendia aparecer
Dando uma de romeiro
Junto da comunidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(14)
O meu vizinho de lado
Curioso pra valer
Vivia só resfriado
E pretendia morrer
Era grande funileiro
Sua mulher, a beldade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(15)
Já possuí bom cavalo
Andava como gigante
Bastava ouvir meu estalo
Que chegava aconchegante
Conhecido por lameiro
Com ele fiz amizade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(16)
Certa vez vi um abade
No meio da multidão
Eu pensei que era um frade
Foi grande toda emoção
Na rua um zoadeiro
Mexeu com toda a cidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(17)
Teve também um artista
Caboclo Bom, e altaneiro
Tinha hora era ciclista
Também tocava pandeiro
Ganhava muito dinheiro
Na chuva com habilidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(18)
O vendedor-ambulante
Na conversa era sabido
Tinha decerto uma amante
Que o tinha comprometido
Ela nasceu no Pinheiro
Com toda felicidade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(19)
O pescador de siri
Se escondia do povão
Gostava muito de oiti
Comia até com a mão
Na maré era o primeiro
A chegar com ansiedade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
(20)
Mas o dono do boteco
Bebia até com farinha
Tocava seu reco-reco
Mas eu ficava na minha
O samba demais festeiro
Sempre era a majestade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade
 
 
SilvaGusmão

 Foto: Internet/GOOGLE
 
 Fonte: Pen-drive do autor
 
Nota: Tudo aqui é brincadeira.

19/02/2020 15:49 - Jacó Filho, grande mestre, interagiu:

No campo que fui criado
Fazia de tudo um pouco,
Na cidade fiquei louco,
Quando me vi desfiado.
Sem cursar a faculdade,
Desafiei engenheiros.
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade...

Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...

Muito obrigado, compadre...meu abraço...ansilgus.

20/02/2020 20:24 - Najet Cury interagiu lindamente, grato:
 
Em meio às contendas,
A vida na terra e no mar,
É desafio cheio de emendas
Que vou tecendo sem parar.
Após as chuvas o sol resplandece
A terra e mar se aquecem
Enquanto caminho sem alarde.
Nessa saga de guerreiros,
Reconheço o marinheiro
Em meio às tempestades!
 
Sem lhe pedir licença, trago-lhe o carinho de uma interação. Parabéns pelo rico enredo desse cordel!
 
20/02/2020 19:01 - Solano Brum interagiu com felicidade, grato:
 
"Lendo, me vi molhado,
com tanto aguaceiro!
Se ele estiver fardado,
por certo, é Fuzileiro!"
 
Lindos versos enaltecendo os marinheiros deste imenso Brasil. parabéns Poeta.
 
20/02/2020 17:40 - Miguel Jacó fez a bela interação, grato:
 
Eu nasci la no sertão
comendo leite e farinha
mas esta minha fartura
era escassa ao vizinhos
no sudeste vi dinheiro
mas não pude me apossar
Reconheço o Marinheiro
no meio da tempestade.
 
Boa tarde Ansilgus, parabéns pela vossa expressiva defesa deste mote, e minhas reverências a primorosa interação do alfaiate das letras Jacó Filho, um abraço, a vocês, MJ.

 
22/02/2020 16:22 - Hull de La Fuente nos visitou e fez a seguinte interação:

A vizinha diplomata
partiu não se despediu
hoje luto com baratas
que com ela não seguiu.
Não é o caso primeiro
Ela não deixou saudade
Reconheço o marinheiro
No meio da tempestade.

Parabéns querido poeta, amei o Mote e os "causos" aqui relatados. Amo sua criatividade. Um grande abraço, Deus o abençoe cada vez mais. Bom sábado.

Muito grrato, cara amiga...meu abraço...ansilgus.

23/02/2020 17:04 - gislaine ribeiro [não autenticado*]

Já que a conversa é sobre ofícios 
Vou falar do professor 
Precisa ter vocação e provar o seu valor 
Professor também é oleiro, jardineiro e artesão 
E sobre todas as coisas, deve ser inspiração 
Pra moldar a consciência, precisa de humildade 
Reconhecer marinheiros 
No meio da tempestade.

Parabéns pelo belíssimo e inspirador cordel,as interações também deram um show. Abençoada semana.

Muito grrato...meu abraço cordial...ansilgus.

23/02/2020 20:26 - Raquel Ordones nos premiou assim:

Ansilgus:

Das letras tu és pedreiro.
Edifica grandes versos.
Retocados com reversos.
Do amor tu és jardineiro.
De sentimento certeiro.
De alicerce profundo.
Onde mora todo o mundo.
Nas palavras há ventania.
E descreve com alegria.
Tu és poesia, tu és ser fecundo!

Abraços, poetinha!

Muito grato...meu abraço...ansilgus.
ansilgus
Enviado por ansilgus em 19/02/2020
Reeditado em 24/02/2020
Código do texto: T6869672
Classificação de conteúdo: seguro
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