O Lobo e o Carneiro no Sonho da Menina

01

Era uma vez um lobo

E também uma menina

Vivendo o mesmo sonho

Toda noite era uma sina

Ficava com tanto medo

Nessas noites de rotina

Só acordava n'outro dia

Bem cedinho da matina.

02

Quando ela se deitava

Algo estranho acontecia

Tinha medo de sonhar

E dormir já não queria

Toda noite ele chegava

Na hora que ela dormia

A deixando apavorada

Era um lobo que surgia.

03

E sua mãe lhe acalmava

Que foi só um sonho bobo

E onde é que já se viu

Criança sonhar com lobo?

Só se fosse uma novela

Que passa na rede Globo

Vá dormir que dessa vez

Tu terás um sonho novo.

04

E você sabe, minha filha

Esse medo que sentiste

Tudo está no imaginário

Esse lobo não existe

Não se deite sem rezar

Que o medo não resiste

Peça a Deus para afastar

Esse bicho que tu viste.

05

Tentando se convencer

Ao espiar viu um carneiro

Atrás da árvore do sonho

Um bichinho bem maneiro

Branquinho e cacheado

Andando por seu terreiro

Fez logo amizade com ele

Um novo amigo rotineiro.

06

Depois de algum tempo

Com ele, ela passeava

Amarrado por uma fita

Que a menina segurava

De repente surge o lobo

Que pra eles encarava

Sonho é sonho, disse ela

E essa frase a acalmava.

07

"Esse lobo não existe!"

A fala da mãe repetiu

E o carneiro assustado

Pois pra ele o lobo latiu

Botou o carneiro no colo

E pra protegê-lo, reagiu

E o despertador tocou

Nessa hora o lobo sumiu.

08

Levantou e foi pro colégio

Preocupou-se o dia inteiro

Abandonara o lobo sozinho

Com o seu amigo carneiro

Depressa quis retornar

Pois já conhecia o roteiro

Precisava o amigo salvar

Já que o lobo é sorrateiro.

09

À noite, jantou e foi dormir

E este sonho quis recebê-lo

Encontrar-se com o amigo

Pois desejava muito vê-lo

Gostaria de mais uma vez

Em seus braços acolhê-lo

Ficou corajosa e valente

E a salvo só quis mantê-lo.

10

Chegou ao sonho esbaforida

E a situação se complicou

O carneiro era uma ameaça

E para o lobo ele rosnou

Estava à altura do adversário

Que pra cima dele avançou

Derrubando-o no capim

Com seus cascos afundou.

11

De susto a menina acordou

Ela estava segura e deitada

Pensava no sonho, no lobo

No carneiro e sua açoitada

E agora, ela tem dois medos

Isso a deixava preocupada

Logo ela que só quis ajudar

Agora tem que ser ajudada.

12

À noite a mãe determinou:

São oito horas, vá pra cama

E não quero ouvir histórias

Já é hora, não faça drama

Não há lobo, nem carneiro

Qualquer coisa, você chama

Só não me venha conversar

Dessa costumeira trama.

13

Viu um carneiro pular a cerca

Viu dois, quando de repente

Pulou dentro de outro sonho

E se fosse tudo da mente?

Não veio lobo, nem carneiro

Estava tudo bem diferente

Somente desejou acordar

E tocar sua vida pra frente.

14

Numa árvore subiu ligeiro

Não era muito confortável

Lá de cima ficou a vigiar

Por um tempo razoável

Porém nada aconteceu

Uma espera lamentável

Passou a noite sonhando

Um sonho inexplicável.

15

Já sentindo o dia raiar

Deu um pulo lá de cima

Levantou e gritou alto

Este sonho me fascina

Ele agora é todo meu

E sou eu quem o domina

Desta vez ela acordou

Nada mais lhe alucina.

16

Ela agora manda no sonho

Bota todos eles pra correr

Lobo, carneiro e o que for

Não vão mais se intrometer

A perturbar os seus sonhos

Isso eu vou lhe prometer

Que ela ainda vai sonhar

Sem ninguém pra corromper.

(Texto original de Marina Colasanti)

Sillino Vitalle
Enviado por Sillino Vitalle em 12/01/2020
Reeditado em 04/06/2021
Código do texto: T6840410
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