O GOGÓ DA EMA
O GOGÓ DA EMA
A capital de Alagoas,
Cidade de Maceió
Tem Praias lindas, sol pleno
Bonita como ela só
Onde havia um coqueiro
Com formato de um gogó.
Na praia de Ponta Verde
Em um sítio bem cuidado
Seu dono Chico Zulu
Havia cocos, plantado E entre tantos coqueiros
Tinha um diferenciado!
Entre todos os coqueiros
Este no meio ficava
E quando o sol se escondia
Uma donzela chegava
E abraçada ao coqueiro
O seu pranto derramava.
A moça ia-se embora
Quando o sol aparecia
Andando por sobre as ondas
Durante o dia sumia
Mas no começo da noite
A cena se repetia.
Dizem que aquela moça
Em peixe se transformava
E lá no fundo do mar
O dia inteiro ficava
À noite junto ao coqueiro
Abraçada ela chorava.
Contam que antigamente
Ela tinha um namorado
Que em uma pescaria
Ele morreu afogado
A moça ficou tão triste
Pela falta de cuidado.
Chorava a noite inteira
E o coqueiro abraçava
O tronco que era reto
Pouco a pouco se curvava
Para proteger a moça
Que tanto se lamentava.
Estava torto o coqueiro
Tão diferente ficou
Que a moça dali sumiu
Ali nunca mais voltou
Pois lá no fundo do mar
O seu rapaz encontrou.
De beleza deslumbrante
O tal coqueiro torcido
Tornou-se celebridade
Pelo seu povo, querido
Virando um ponto turístico
Adorado e preferido.
O coqueiro era engraçado
Todos o queriam ver.
Meninos pulando a cerca
Sem os cachorros temer
Chifradas de bois levavam
E saíam a correr.
Tudo ali valia a pena
Para ver o monumento
A majestosa corcunda
Trazia ao povo alento
Na copa folhagem verde
Açoitada pelo vento.
O tronco desse coqueiro
De formato especial
Como o gogó de uma ema
Ganhou atenção total
O povo vinha de fora
Foi atração nacional.
O mar ficou com inveja
E pra lá se encaminhou
Avançou e chegou perto
Os coqueiros derrubou
Só ficou o Gogó da Ema
Todo mundo admirou.
O vento foi companheiro
Suas folhas balançava
O sol não ficou de fora
Aquecia e iluminava
E a lua fez sua parte
Suas noites clareava.
Ficou sozinho, o coqueiro
Tornou-se a visão maior.
Banhistas de todo lado
Queriam lhe ver melhor
Todo o povo abismado
Muita gente ao seu redor.
Mas quando chegava a noite
Sozinho ele não ficava
Cada casal de mãos dadas
Ao seu redor se sentava
Fazendo juras de amor
Até quando o sol raiava.
A essência da paixão
Nesse tronco de esplendor
Os casais apaixonados
Buscavam nele o vigor
Embalados pela brisa
Do mar com o seu frescor.
Só tinham por testemunha
O mar e o firmamento
O cheiro da maresia
Trazia contentamento
Presenciava o coqueiro
Beijos a cada momento.
Os turistas que chegavam
Com alegria suprema
Iam logo perguntando
Onde é o Gogó da Ema?
Os moradores mostravam
Sem causar nenhum problema.
Era um referencial
Das praias de Alagoas
Que inspirava poetas
E a todas as pessoas
Futuramente dali
Viriam histórias boas.
A fama deste coqueiro
Pelo mundo se espalhou
Foi cantado, foi falado
Muita gente apreciou
Se tornou celebridade
E cartão postal virou.
Mas o mar é implacável
Se aproximou devagar
As ondas batiam forte
O coqueiro a maltratar
E até poços de petróleo
Ali foram perfurar.
O prefeito da cidade
Ficou sensibilizado
Mandando erguer um muro
Ao redor do afamado
Que não foi suficiente
E o coqueiro foi tombado.
Em vinte e sete de junho
De cinquenta e cinco, o ano
Às duas horas da tarde
Pertinho do oceano
Caiu o Gogó da Ema
Foi um grande desengano.
O povo tentou salvar
Um guindaste o levantava
Enquanto a multidão
Batia palmas, gritava
Tentando ressuscitar
O que morto já estava.
Não teve jeito, morreu
O coqueiro diferente
Que serviu de inspiração
Às obras de muita gente
Ainda hoje é lembrada.
Sua beleza reluzente.
A vida tem dessas coisas
Se sorriu ou se chorou
Gogó da Ema se foi
Só a saudade ficou
Um coqueiro igual a ele
Na terra não se criou
Na praia da Ponta Verde
No fundo do belo mar
Um casal mora feliz
Sem fome e sede passar
Sob a história de um coqueiro
Eles vivem a se amar.
Depois de morto o coqueiro
Seus pedaços espalhados
E os seus restos mortais
Na praia foram jogados
Foi levado pelas ondas
Pra junto dos namorados.
O seu nome é lembrado
Com muita honra e glória
Deu nome a ruas e praças
Sua presença é notória
Também é nome da trupe
De contadores de história
Pois sobre o Gogó da Ema
Eu conto essa história bela
Falando desse coqueiro
De forma muito singela
O tronco que ficou torto
Pra proteger uma donzela.