Dia do nordestino
Dia do nordestino
Sou nordestino arretado
Comedor de rapadura
De dia trabalho na escola
De noite na criatura
E quando sobra um tempin
Cultivo agricultura.
Hoje é o nosso dia
Nordestino fino e forte
Encara o calor do sol
Com a resistência dum poste
Tudo o que arruma na vida
É por trabalho
Não por sorte.
Alguns de nós foi criado
Bebendo água de pote
Comendo galinha pé duro,
Preá, nambu e capote
Um cabra criado assim
É macho até no cangote.
Trabalho duro pra nós
Pode mandar que é moleza
A gente não esmorece
E não perde a gentileza
O Forte do Ceará
Virou nossa Fortaleza.
E a nossa valentia
É mesmo de assombrar
Não é qualquer ser humano
Que se atreve nos enfrentar
Quando um nordestino cisma
Chama tudim pra brigar.
Nossa especialidade
Briga de foice e facão.
Uma cabaça no ombro
Pra toco picaretão
Brigamos dessa maneira
Pra não faltar o feijão.
Se a gente puder estuda
Que é pros filhos ensinar
Mas se faltar o emprego
Não somos de arregar
Enfrentamos qualquer coisa
Pois sabemos trabalhar.
Tem professor que arranca
Mandioca pra farinha.
Tem doutor que ainda toca
Seu gado com uma varinha
Na praia tem professor
Que pesca e come sardinha.
Na Serra se moe a cana
Pra rapadura fazer
Também lá tem o mocó
Pra um guisado fazer
Delegado, professor
E doutor vão lá comer.
A gente é puro da gema
Nordestino apaideguado
Pra quem leu até aqui
Eu digo muito obrigado
Hoje é o nosso dia
Nordestino arregaçado.
Professor Carlos Jaime