Oração de Uma Ovelhinha

As lutas, meu Deus, são leneus para mim,

Parecem gigantes com foice na mão,

Enquanto eu as vejo tal qual um anão

Sem forças, sem pernas... Parece meu fim.

Imploro, Senhor, não me deixes assim

Sem sonho, esperança que possa ganhar,

Sem luz, a celeste, que vai clarear

Meu siso, meu peito, meu leito e caminho,

Conforta-me, Pai aqui dentro do ninho,

Cantando de galope na beira do mar.

Sem ti eu me sinto tão pequenininho,

Meus sisos não vêem teus olhos sublimes,

Então, sendo vis, eles fazem mil crimes,

Cometem pecado e desejam carinho...

Me limpa, Senhor quero ser um arminho

Por dentro, por fora, onde quer que passar,

Não quero jamais nestas trevas ficar,

Pois elas só querem me ver iludido

Com suas mentiras, também destruído,

Cantando galope na beira do mar.

Dou graças a ti porque fui instruído

Na linda doutrina da Santa Escritura,

E nela que eu sinto a gloriosa ternura

Que abraça, que ampara, segura o caído

E dá força ao homem pra ser logo erguido

Com riso na face, esperança sem par;

Levanta teu braço, ó me venha ajudar,

Sem ti não consigo, meu Deus e Senhor,

Sou tua ovelhinha, tu és meu Pastor,

Cantando galope na beira do mar.

Assim a manhã terá brilho e mais cor,

Porque tu restauras quem chega pedindo

Perdão, graça, força, mas nunca mentindo,

Abrindo-se inteiro ao teu lógico amor,

Mas tem quem o diga que não é, Senhor,

Porque teu Espírito que é tão salutar

Não viu uma brecha pra nele habitar,

Mostrar os arcanos celestes, de paz,

Por isso tal homem não sente, é incapaz,

Cantando galope na beira do mar.

Ser belo, ser rico, famoso eloquaz,

Ter boa retórica ou ser sapiente

Não faz nenhum homem chegar brandamente

Ao teu coração, meu Senhor, ó não faz!

Tu queres o ser quebrantado demais;

Eu quero humilhar-me, pra sempre ficar

Aos teus pés, rendido de tanto inclinar

A minha cerviz, implorando o perdão,

Quem sabe de ti ganho um bom galardão,

Cantando galope na beira do mar.

Então, meu Senhor olha o meu coração

Aflito, quebrado que almeja de ti

O amor que este mundo não tem, pois não vi,

E aos prantos te roga: Me dê teu perdão.

Assim os leneus vindos de escuridão

Jamais poderão meu barquinho virar.

Confio, meu Pai que virás perdoar,

Guiar os meus passos em tuas veredas;

Concedas, Senhor, essa graça, concedas,

Cantando galope na beira do mar.

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 21/09/2019
Código do texto: T6750780
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.