Astrogildo e Madalena

Astrogildo e Madalena.

Madalena era filha

Do coronel Mustafá

Um cabra muito valente

Ninguém queria peitar

Um murro que ele dava

Secava a água do mar.

Na sua fazenda ele

Tinha muito o que fazer

50 cabras disposto

No ponto pra lhe atender

Cada qual o mais valente

Sem uma luta perder.

Astrogildo ia passando

Um dia nesse lugar

Por dentro dessa fazendo

Tinha o dever de passar

Pois era o único caminho

Que ia pro lado de lá.

Passando de tardezinha

Antes do sol se esconder

Da janela ajardinada

Uma joia pôde ver

Ela sorriu inocente

Ele ficou a tremer.

Ele pensou: tô no céu

Parece que tô é vendo

Um anjo aqui chegar

Que voando vei descendo

Pousando aqui na terra.

Pensando nisso e tremendo.

Um menino o arcordou

Do transe celestial

E disse: tenha cuidado

Você pode se dar mal

O último a quem ela sorriu

Terminou em funeral.

Porque lhe falava isso

Astrogildo perguntou

E o menino ligeiro

Tim-Tim por tim-Tim contou

Terminou todo roteiro

Quando a noite chegou.

Apesar de inocente

Ainda ser Madalena

Seus olhos tristes ficaram

Ficaram de fazer pena

Somente quem viu que sabe

Contar desta triste cena.

Mas Astrogildo também

Muito atrevido que era

E quando se exaltava

Ficava feito uma fera

Homem nenhum nesse mundo

Nunca uma pisa lhe dera.

A falar com Mandalena

Escondido começou

Ele logo em dois encontros

Apaixonado ficou

Dizendo que ela dele

O coração arrancou.

Na boca de Astrogildo

Era doce mais que Mel

O beijo de Madalena

Mil vezes melhor que o céu

Desconhecia Astrogildo

O gosto que tem o fel.

Uma semana depois

Desse namoro escondido

Seu Mustafá por alguém

Ficou de tudo sabido

Trancou logo Madalena

Num quarto bem escondido.

Astrogildo agoniado

Preocupado também

Começou a procurar

O seu mais distinto bem

Mas notícia para ele

De Madalena não tem.

Seu Mustafá esperou

O cabra espernear

Sabia se fosse atrevido

Devia lhe procurar

Mas uma correia de couro

Do lombo dele ia tirar.

Mas coronel Mustafá

De uma coisa sabia

Que aquele estrangeiro nunca

Procurar por ele ia

Mas se enganou por que foi

Astrogildo no outro dia.

Ainda o sol já saindo

A brisa a espantar

No chão o galo ciscando

As galinhas a chamar

Com um cachimbo na mão

Seu Mustafá a tragar.

-Bom dia, meu cidadão!

Disse Astrogildo educado.

Mustafá não respondeu

Continuou assentado

Só respondeu quando todo

Cachimbo tinha tragado.

-O que quer o mal fazejo

Chegando de madrugada?

Astrogildo respondeu:

-Quero minha namorada.

Mustafá pisou no chão

Derrubou toda manada.

-Que *namorada*? Berrou.

Onde foi que a perdeu

Aqui, garanto a você que só tem o quê é meu

Se não se mandar daqui

Hoje merenda pneu.

Astrogildo já estava

Quase zangado também

Ao redor da casa grande

Uns eucaliptos que tem

Ao temperar a garganta

Com o bafo derrubou cem.

Nessa hora a caboqueira

Chegara toda assustada

Vendo a manada no chão

As pernas tudo quebrada

Cem árvores de eucalipto

Tudo pelo chão deitadas.

Astrogildo conversando

Com o coronel Mustafá

Dizendo: -É sua filha

que vai comigo casar

E os pneus o senhor

Pode ficar pra jantar.

50 cabras armados

Com faça e punhal na mão

Tudo doido pra brigar

Sob as ordens do patrão

E tirar de Astrogildo

O couro pra um cinturão.

Mustafá autorizou

Deu-se uma briga sangrenta

50 cabras pra um

Era uma luta nojenta

Mas vez em quando saia um

Procurando o pau da venta.

Em 10 minutos de luta

10 homens desnorteado

Com mais 10 tinha mais 15

Tudo no chão desmaiado

E os outros 25

Tava tudo ajoelhado.

Nenhuma faca Astrogildo

Usou nesse emboleu

Lutava desmascarado

Pensando em seu troféu

Que era de Mustafá

Comer o fígado e o fel.

Quando foi se preparando

Com a faca para cortar

O bucho de Mustafá

Para o fígado tirar

Madalena apareceu

Correndo e muito a chorar.

Chorando dizia ela

Não o mate por favor

Por ele dou minha vida

E dou também meu amor

Nao presta mas é meu pai

Lhe repetiu: por favor.

Mustafá viu que sua filha

Livrou-lhe desse tormento

Depois de ver os seus homens

Em tamanho sofrimento

Chamou o tabelião

E o padre pro casamento.

Enquanto um criado ia

Chamar os dois cidadão

Mustafá pra Astrogildo

Estendeu logo sua mão

Dizendo que ia aceitar

Dos dois aquele União.

Astrogildo respondeu:

Isso não tem precisão

Vou me casar com sua filha

Quer você queira ou não

Pois só quem manda neu e nela

É o nosso coração.

Chegou o padre ligeiro

Com ele o sacristão

Em um jumento em seguida

Chegou o tabelião

Madalena e Astrogildo

Receberam esta benção.

Quando é amor de verdade

Doa lá em quem doer

O cabra fica valente

Ao ponto de se atrever

Mandar o cão do inferno

Pro céu desejar correr.

Professor Carlos Jaime

CARLOS JAIME
Enviado por CARLOS JAIME em 30/08/2019
Código do texto: T6733398
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