ESMOLAS DA BORBOLETA

O meio-fio, é uma linha bem silenciosa

Generosa, pela manhã recebe o bêbado

Que senta na sarjeta, ou à frente das portas

Reclama da vida e clama por pinga cheirosa

O Prefeito, quando "dá na telha", o pinta

Joga Cal, e semanas depois, sai a tinta

Vêm as marcas de pneus, depois as de lodo

Com o serviço mal feito, cai na boca do povo

Meio-fio, é uma borda grossa de pizza,

Feita de cimento e recheada com brita

São cílios de um rio sólido de piche grudenta

Que traz enxurrada de lixo, e a calçada nojenta

É um rastro comprido, e um banco duro

Onde moleques "faz arte" antes do escuro

O andarilho pede comida, "brocado" no relento

O mendigo a esmola, e a borboleta dá-lhe um aceno.