O Sertão de Curaçá (2017)
Curaçá é terra rica
De cultura e tradição,
És vereda do Sertão
Pros poetas favorita,
Terra da mulher bonita,
Por mascote, o vaqueiro,
É esse grande guerreiro
Que usa o couro em armadura,
Se faz bruto com ternura
É um símbolo catingueiro.
O Sertão de cangaceiro,
A Caatinga é seu bioma,
Do imbuzeiro, imbú e sombra,
É o alento do vaqueiro
Que usa por travesseiro
As guardapas da sua sela,
Seja Inverno ou Primavera
Da pele faz um colchão,
Pra cobertor, o Gibão,
-Vida dura, mas é bela.
A Caatinga tem Facheiro,
Carqueijo, Mandacarú,
Pau-de-rato, Mulungú,
Temos também o Pereiro,
Palmatória, Imbuzeiro,
Caxacubrí, Jetirana,
Quebra-faca, Imburana,
Tem Braúna e Aroeira,
O Angico e a Quixabeira,
Quase esqueço a Cajarana.
O Sertão de tantas lutas,
Por herói tem o vaqueiro,
Com seu cavalo ligeiro
Vive em guerra c'a labuta,
Homem de boa conduta
Desafia a estiagem,
Sem nenhuma homenagem
Falta água e a comida,
Tem na fé sua guarida,
Tem na alma a coragem.
Meu Sertão de tanta glória
E lendas de bons vaqueiros,
Relembramos Zé Vermelho
Que dormia n'uma "zidória"
Mas, escreveu sua história
No lombo de um Cardão,
Secundo do Paredão
Nunca perdeu uma carreira,
Com Pimpim da Craibeira
Derrubavam em grutião.
Para entrar em boi valente
Lembro Zé de Avelino,
Vi Emílio de Georgino
Estender touro imprudente
O Zé Grande, imponente,
No escuro ou no arrebol,
Teve Mário Caracol
Que pegava ao Calumbí,
João Torres lá no Marí
Entrava no por do sol.
Sempre teve bons vaqueiros
Traquejando nessa terra,
"Vi" falar que Zé da Serra
E João Jibóia eram certeiros,
Para pegar mandigueiros,
Tio Dezin no São José,
Na Santana era Dedé
Que pegava sussuarana,
Derrubavam a Imburana
E também o geréré.
A Corda do Caroá
É melhor que a da Imbira
Vi Zé Nilton Macambira
Destrezo no bamburrá
Só parava ao derrubar,
Fosse touro ou barbatão,
Lembro também tio Janjão
Desbravando a Muribeca
E o Benedito Badeca,
O maior deste torrão.
A Caatinga é nosso louro,
Mas o clima é bem inglório,
Vi o Paulo de Gregório
Descer nas pontas d'um touro
O "vei" Paulo é um tesouro
Que ainda vive a labuta,
Com Martinho de Biluca
E também João de Purcino,
Vaqueiros desde meninos
Já cansados, mas na luta.
Tantos "causos" tão saudosos
Se o boi era encantado,
Deoclécio era chamado
Pra pegar os mandingosos,
Dois Humbertos tão famosos,
A labuta é quem lhes fez,
Um filho de Martinez,
Outro, o filho de Cornel,
Fecho aqui esse cordel
Saudando a todos vocês.