A placa do destino.

Uma placa na estrada

Apontava a direção

Sem saber que estava errada

Eu entrei na contramão

Levei multa bem pesada

E fiquei sem caminhão.

Ele era o instrumento

Para defender meu pão

Foi imenso o sofrimento

Ficar sem ocupação

Mas retive o pensamento

De revidar agressão.

Ao voltar para o meu lar

Pra rever minha família

Caminhei sem descansar

Pra sair daquela ilha

Muito triste em não levar

Algo para a minha filha.

Ao sair pra caminhar

Encontrei um viajante

Que me disse a me olhar

Você parece distante

Ninguém deve alimentar

Sentimento angustiante.

Repetiu diversas vezes

Que eu estava alimentando

Uma ira que por vezes

Eu estava procurando

E que eu fui durante meses

Minha queda provocando.

Eu fiquei bastante irado

E pensei retribuir

Tudo que era falado

E depois mandar sumir

Mas fiquei mesmo calado

Com aquilo que ouvi.

Eu andava sonolento

Por excesso de trabalho

Procurava algum assento

Numa roda de baralho

E bastaste violento

Se perdia o meu salário.

Fui aos poucos refletindo

Perguntei ao viajante

Para onde estamos indo

Ele disse em um instante

O seu eu está surgindo

Para seguir comigo adiante.

Eu fiquei sem entender

Mas falei de modo claro

Vou cumprir o meu dever

Minha perda eu não comparo

Meu caminhão vou reaver

Mesmo me custando caro.

Estendi a minha mão

E tentei me despedir

Ele disse ‘ cidadão’

Você não deve partir

Cumpra a sua obrigação

Deixe o coração se abrir.

Nessa hora eu me rendi

Ao estranho viajante

Que me deu o que perdi

Por ser tão ignorante

Era ele o que eu vi

Como o guarda autuante.

Perguntei por que aquilo

Ele disse simplesmente

Você tem mulher e filho

Eles são seus dependentes

Não repita o estribilho

Seu guarda, sou inocente.

Você hoje vai para casa

Amanha me procurar

Mas não deve criar asa

E tentar me subornar

A viagem só atrasa

Se você não caminhar.

Eu saí de la correndo

Fui rever minha mulher

Encontrei ela escondendo

A comida que puder

Pensou estar me perdendo

Outro amor ela não quer.

Eu fiquei amargurado

Sabendo ser causador

Do sofrer do ser amado

Que me fez rei e senhor

Mas fiquei lisonjeado

Com tal prova de amor.

Quando eu quis lhe abraçar

Ela me afastou com a mão

Disse que eu fora buscar

Tudo que estava no chão

Vi meu coração fechar

Pela minha imperfeição.

Eu lhe disse ‘estou aqui’

Mas é para confessar

Tudo que eu construí

Foi você a me ajudar

Com você eu consegui

Ver nosso filho formar.

Eu jamais a deixarei

Eu não sou de aventura

De jogar eu já parei

Hoje tenho outra cultura

Você é quem sempre amei

Você fez minha estrutura.

Vi minha mulher chorar

O porquê eu já sabia

Pôr as coisas no lugar

Disse a ela que faria

Ela veio me abraçar

Com olhar de alegria.

Nunca mais a fiz chorar

Seu olhar ganhou um brilho

Construímos novo lar

Com ternura em alto estilo

O guarda eu vou respeitar

Afinal ele é meu filho.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 28/05/2019
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