Amor e outras confusões
Concordo que o amor seja uma estação
Uma plataforma
Uma utopia
Um momento
Um ligeiro acidente
Um minuto sem pensamento
Um recuo a razão
Um avanço na emoção
Um ligeiro sentimento
Aceito que o amor é deixar ir
É também ficar
O amor é uma prisão
Como um prisioneiro, com as chaves na mão
É uma fortaleza
É chuva, em meio a seca
Enchente, para quem transborda
Quem nele se afoga
Se dissolve e se perde
Pra dificilmente se encontrar
Que o amor é ter os pés no chão
E deixar o pensamento voar
O amor é frio na barriga
É também serotonina
Ocitocina e albumina em plena ebulição
Concordo que o amor machuque
Concordo que o amor regenere
Concordo com que discorda
Concordo com a tudo releve
Concordo que o amor seja leve
Mas concordo com o seu fardo
Concordo com seu açúcar
E o seu dardo envenenado
Concordo com quem queira o cupido matar
Concordo com quem queira erguer um altar
Seja o amor um paraíso
Seja o amor um purgatório
Esteja nele em um sorriso
Seja ele ilusório
Se o amor esta contigo
Se o amor te abandonar
É o amor pessoalmente
A arte de se amar
Se a gente não ama a gente
Ninguém jamais [e mais] vai amar