Rumo ao desconhecido.
dedico este texto ao meu sobrinho Edson, falecido hoje ,que durante a sua permanência entre nos foi um guerreiro valente e leal, com ele aprendemos o valor da fé, da honra, do caráter e da família. Siga em paz Edinho e até logo, breve nos encontraremos.
Caminhei em uma estrada
Rumo ao desconhecido
Uma estrada esburacada
Escura e sem ter sentido
Ia sem pensar em nada
No meu mundo recolhido.
Fui andando lentamente
Sem ter hora pra chegar
Repetindo inconsciente
De mim nada vou lembrar
Apaguei o meu presente
Ao passado eu vou voltar.
Ia assim fazendo planos
Para não lembrar de mim
Esquecendo muitos danos
Que causei por ser assim
Carregando os desenganos
Que não consegui por fim.
Todos os males que causei
Encontrei pelo caminho
De nenhum eu desviei
Eles eram como espinho
Porém não desesperei
Esperava estar sozinho.
Nisso então eu percebi
Que sou parte de um todo
Com quem me comprometi
E que atirei no lodo
É quem hoje eu recebi
Para cuidar com denodo.
Fui então me desculpar
Com um antigo conhecido
Ele nada quis falar
Diz que sou um possuído
Se negava a me olhar
Dizendo ser eu perdido.
Não prestei muita atenção
Decidi permanecer
No lugar que a solidão
Disse para eu conhecer
La eu vi um ancião
Procurando o que fazer.
Perguntei qual interesse
Eu teria em vigiar
E se eu intercedesse
Poderia atrapalhar
E se me reconhecesse
Poderia se vingar.
A solidão respondeu
Nada de se desculpar
Aqui nada aconteceu
De nada vai se lembrar
Tudo aquilo que perdeu
Aqui vai recuperar.
Eu pedi humildemente
Que deixasse eu prosseguir
Iria seguir em frente
Sem qualquer coisa exigir
A solidão disse que sente
Mas eu não posso seguir.
Meu caminho eu não conheço
Sigo caminhando ao leu
Meu igual não reconheço
Devo retirar o véu
Para ver se eu mereço
Um pedacinho do céu.
Ao ouvir essa menção
Percebi estar errado
Talvez não tenha perdão
Isso estou acostumado
Mas vou estender a mão
A quem está ao meu lado.
Então vi a solidão
Disfarçar seu sofrimento
Sorriu com aprovação
Ao ler o meu pensamento
Viu em mim sua missão
Alcançar o seu intento.
Depois disso eu fui em frente
Mas mudei o meu caminho
Dei auxílio permanente
Ao estranho e ao vizinho
Descobri que pra ser gente
Ninguém pode andar sozinho.
Encontrei uma mulher
Que dizia viajar
Para ver quem não a quer
Mas precisa acostumar
Pois quando o pior vier
Dela sempre irá lembrar.
Eu lhe disse pra deixar
Cada um seguir a vida
Nada irá adiantar
Ficar presa nessa lida
Vai na certa se atrasar
No caminho da subida.
Ela então me perguntou
Se podia andar comigo
Eu lhe disse que estou
Como ela, sem abrigo,
Mas o pouco que restou
Ofereço a um amigo.
Nela então reconheci
O amor da minha infância
De repente eu descobri
Que a sua alma avança
Eu com ela então segui
Ao encontro da esperança.