A vingança.

A vingança tem desejos

Quase sempre inconfessáveis

Às matanças dá ensejo

Por motivos contornáveis

Não está no que eu almejo

Que são coisas derrogáveis.

A vingança é violência

Que aumenta a si também

Já perdeu a competência

De saber de onde vem

Seu autor, sem paciência,

Pensa que isso é um bem.

Todos podem se vingar

Muitos pensam sempre assim

Por certo vai se enganar

Vai se arrepender no fim

Não se deve recriar

O que Jesus pôs um fim.

Sempre que ouvir falar

Que alguém é violento

Não se ponha a concertar

Lhe dando conhecimento

Se puder mostre o altar

Onde há discernimento.

Não lhe reprove a conduta

Talvez exista razão

Não comente o que escuta

Não se meta a sabichão

Se lembre que a bomba curta

Tem seu dia de rojão.

Pode ser que a alavanca

Levada pelo conselho

Dê início à desbanca

De quem se vê no espelho

Pode melhorar a banca

De quem dobra o seu joelho.

Vingar a própria vingança

É o poder do mais forte

Vai sofrer em abundância

Andando de sul a norte

Vai ver na sua constância

A força que vence a morte.

Se vingar fosse um direito

Seria por Deus criado

Adão seria o primeiro

A ter o filho vingado

E José, por derradeiro,

A quantos crucificado?

Se há sangue derramado

A vingança não o lava

Se houver um mal falado

Nunca lhe confie a clava

Deixe o clima sossegado

Pois à língua não se trava.

Não altere a sua voz

Não discuta sobre Deus

Não desafie o algoz

Não o ponha entre os seus

Seja sempre o mais veloz

Siga à frente dos ateus.

Não dê chance à violência

Vá pelo lugar seguro

Não despreze a paciência

Não caminhe no escuro

Mostre a sua sapiência

Não saltando sobre o muro.

Seja sempre comportado

Cumpridor do seu dever

Honre sempre o seu contrato

Mostre sempre ter prazer

Mesmo quando der errado

Se antecipe em refazer.

Não se mostre acabrunhado

Por não poder se mudar

Do lugar mal afamado

Ou de longe trabalhar

Veja que o desempregado

Que sua vaga ocupar.

Tenha medo de orgia

Não se envolva em confusão

Seu viver – dia-a-dia

Sempre lhe dará razão

Se lembre que a anarquia

É mãe da corrupção.

Essas linhas são apenas

Meus conselhos ao amigo

Não são palavras serenas

Mas serei compreendido

Também não são tão extremas

Pra que eu não seja entendido

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 16/03/2019
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