A voz do pensamento.

Ao fazer meu juramento

De mudar a minha vida

De mudar comportamento

Cumprir a voz prometida

Descobri que o pensamento

É a voz comprometida.

Todo pensamento meu

Caminhava pro abismo

Procurava o que perdeu

Dentro do seu comodismo

De se olhar desaprendeu

Vivendo o seu ostracismo.

Caminhava sem destino

Rumo a lugar nenhum

Se eu via um assassino

Eu pensava ser comum

Se ouvia algum ensino

Eu dizia ser mais um.

Levantava sempre cedo

Pra seguir minha viagem

Ia escolhendo a dedo

Pra colocar na bagagem

Mas também levava medo

De ser pego em vadiagem.

Uma voz dizia assim

Tu és parte do infinito

Aproveite o dia a dia

Pra ter dia mais bonito

Use sempre a alegria

E não fale usando o grito.

Não pragueje contra Deus

Não caminhe no escuro

Não se junte aos ateus

Nunca salte sobre o muro

O melhor que der aos seus

Vai fazer o seu futuro.

São conselhos da estrada

Que você está pisando

Essa voz não sai do nada

Vem de quem está pensando

Siga a sua caminhada

Pra onde está andando.

Seus retalhos de fracassos

Servirão pra refazer

Os já destruídos laços

Rompidos por esquecer

De oferecer os braços

Pra diminuir o sofrer.

Ao seguir a caminhada

Eu ouvi a mesma voz

Dizendo que a minha estrada

Estava chegando à foz

Minha hora era chegada

E eu seguiria a sós.

Nessa hora eu despertei

Era um sonho mal sonhado

Entretanto eu me lembrei

Que estava abandonado

Pro meu lar eu caminhei

Mesmo estando desolado.

Ao aproximar da casa

Eu ouvi um som estranho

Meu fogão não tinha brasa

Tinha um lamento tamanho

Numa pia de água rasa

Vi a filha tomar banho.

Perscrutei a consciência

Perguntando o que fazer

Ela disse que a inocência

Pode me compreender

Entretanto a paciência

Preciso desenvolver.

Eu então bati na porta

Minha mulher atendeu

Disse que estava morta

E de mim já esqueceu

Que a mim já não suporta

Seu marido já morreu.

Eu fiquei ali parado

Ouvindo o que ela dizia

Me senti envergonhado

Com aquilo que eu fazia

Quando olhei pro outro lado

Minha filha me sorria.

Sem nada me perguntar

Minha filha me abraçou

Vi minha mulher chorar

Perguntou como eu estou

Quando eu quis lhe abraçar

De mim ela se afastou.

Respondi que estava bem

Mais maduro, pois sofri,

Com a falta de alguém

Que jamais eu esqueci

Não lhe trouxe nenhum bem

Mas agora estava ali.

Ela então me abraçou

Disse que também sofreu

Que também me perdoou

Sabe agora quem sou eu

Sou um homem que voltou

Pra cuidar do que é meu.

A olhei dentro dos olhos

Pra dizer o quanto amei

Removi todos os abrolhos

Que na vida eu encontrei

Quando eu fechar os olhos

Paz no lar eu deixarei.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 09/03/2019
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