CANTO DO NORDESTE

Eu canto o cheiro da terra

Por que isso me apraz

Chão rachado e poeirento

Quando o verde não há mais

Canto o touro quando berra

Quando troveja na serra

Relampeia e a chuva cai.

Canto Asa Branca que vai

E o Açum Preto que chora

Quando um bom inverno cai

E quando a água evapora

Canto a seca do Nordeste

Canto o verde que reveste

Quando a seca vai embora.

Eu canto a música sonora

Na dança do pingo d’água

Sobre a lata na biqueira

Que lava e enxuga a lágrima

Canto o vermelhão pra baixo

E a velha lá no riacho

Pescando ou lavando anágua.

Na quentura dessa frágua

Canto o vermelhão pra cima

Na represa do açude

Canto a velha na cacimba

Matando a sede agachada

Depois da fome fartada

Com milho verde e manjimba.

Thiago Alves.

A Arte de Thiago Alves
Enviado por A Arte de Thiago Alves em 31/05/2018
Código do texto: T6351765
Classificação de conteúdo: seguro