CORDEL – Mote – Da vida nada me resta – Só saudade dum abraço – 03.05.2017
 
Meus amigos.  Mais um trabalho que encontro no baú do meu pai, mas que não fora publicado, o que faço agora. Nesta fase de tarefas em demasia. Meu abraço cordial. Sandragus.
 
 
CORDEL – Mote – Da vida nada me resta – Só saudade dum abraço – 03.05.2017 – PRL
Oitavas de sete sílabas
Rimas em ABABCDCD
 
(1)
Tenho dito e repetido
O bom da vida é viver
Assim não se é esquecido
Nem se poderá dizer
Que por acaso não presta
Cada qual com seu pedaço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(2)
Mas em ficando calada
Sem nada pra relatar
Eu não reclamo de nada
Foi muito amor pra lhe dar
Mas você nunca foi besta
Sempre gostou do compasso
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(3)
Mas você se foi embora
Pro lugar nunca me disse
Fiquei aqui contando hora
Até falei com Alice
Uma mulher bem honesta
Que detesta até retraço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(4)
Mas que espera dolorosa
Tenho agora que contar
Sempre gostei duma prosa
Só não sei mesmo prosar
Depois do almoço uma sesta
Sonhando com seu corpaço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(5)
Mulher na cama, perfeita...
Seu negócio é se entregar
Com cada curva bem feita
Com vontade de esfregar
Mas você nunca contesta
Pois não sou nenhum palhaço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(6)
Seu gemido uma loucura
Era assim nunca acabar
Isso sim era postura
Conhece bem pra lascar
Sempre vibrando na festa
Quase me deixa um bagaço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(7)
Deveras insaciável
Dava uma, duas, três,
E de prazer infindável
Bem usando o bom freguês
O abelhudo pela fresta
Vigiava passo a passo
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(8)
E sozinho ele vibrava
Com tamanha exibição
Era quando se soltava
Esbanjando sua mão
Numa maneira funesta
Mas dentro do seu espaço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(9)
Das gatas que conheci
Você foi uma loucura
Gostosa que nunca vi
E repleta de ternura
O calo na sua testa
Doía até no espinhaço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(10)
Claro por ser procurada
Porque era de primeira
Por sinal muito cantada
Rainha da gafieira
Andando pela floresta
Bem na hora do mormaço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(11)
Num passeio perigoso
Com animais de torar
Lobo bem muito fogoso
Leões da porra a urrar
E encontrando a giesta (¹)
Ao fundo ouviu um balaço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(12)
De repente a cobra veio
Tocando aquele chocalho
Uma picada no seio
Bem pertinho do Pau d’alho
Era dia de seresta
No peito tamanho inchaço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço
(13)
Não pretendo te esquecer
Agora nem dia algum
Foi lindo lhe conhecer
Sem falar no seu bumbum
Então você fez a cresta (²)
Com todo aquele melaço
Da vida nada me resta
Só saudade dum abraço

 
 
Ansilgus
 
 Foto: INTERNET/GOOGLE
 
(¹) – Planta, árvore...
(²) – Colher mel da colmeia...

 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 22/05/2018
Reeditado em 22/05/2018
Código do texto: T6343721
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