A FEBRE DO MOMENTO É AMARELA
Dia inteiro na tevê
No rádio e no jornal
O boletim é constante
Área urbana e rural
Aviso a população
Pra ficar em atenção
Sobre o vibrião letal.
É sinistro esse micróbio
Caso não tome cuidado
Precisas ficar atento
Pra não ser contaminado
É germe infeccioso
Seu genoma é danoso
Se não for medicinado.
Finado se considere
Se não tiver atenção
Falo da febre amarela
Por esse brasileirão
Um descuido é fatal
Esse vírus é brutal
E mata sem compaixão.
A proliferação vem
Do Aedes Aegyptiano
E do haemagogus
Que é mais um tirano
Esses dois mosquitos juntos
De fato, fazem defuntos
Todo dia, todo o ano.
Contudo, a fêmea é que é
O contato principal
Elas só botam seus ovos
Onde contenha um local
Como garrafas e latas
Pneus e algumas sucatas
Apinhados no quintal.
Área rural e urbana
Do Norte e do Centro-Oeste
Além do Nordeste e Sul
Parte ainda do Sudeste
Surto infecta sem dó
Aí que se dá o xodó
Desses insetos da peste.
Conteste num órgão público
Não viaje sem vacinar
Lá para essas regiões
Você pode se arranhar
Inclusive sem querer
Vírus você vai trazer
Sua gente infectar.
O incômodo se apresenta
Só de três a sete dias
Porém depois da picada
Que vêm as estripulias
Sangue começa a ferver
Cabra geme sem querer
Mãos suam e ficam frias.
Nem simpatia e nem xarope
Ameniza a progressão
Os sintomas vão brotando
Feito semente no chão
O cansaço e o mal-estar
É tanta dor muscular
Início da incubação.
Daí à propagação
De sinais preliminares
Distúrbios e delírios
Outras coisas bipolares
Náuseas e diarreias
E dores de cefaleias
Dói até nos calcanhares.
São variáveis e muitos
As síndromes da doença
A hemorragia interna
No corpo se faz presença
Coágulo intravascular
Começa se propagar
Infecção é intensa.
A febre é ameaçadora
Moléstia vai dilatando
Indivíduo infectado
Sem ânimo vai ficando
A picada do mosquito
Deixa o cabra esquisito
Ele vai se amofinando.
Noticiário na tevê
Outra vítima de morte
Causada pela amarela
Bem lá na região Norte
População se apavora
Correm ao posto sem demora
Ter vacina de suporte.
É forte o micro-organismo
Causa até sangramento
Pelo nariz e gengivas
Além do desvairamento
A epidemia projeta
A hepatite se injeta
Gerando mais sofrimento.
O tratamento perfeito
Contra a febre amarela
Seguir as indicações
Ficando bem longe dela
O germe não dá moleza
Não vacile na defesa
Se não é caixote e vela.
Dela tem outro aliado
É o danado do Mico
No ditado popular
Mais conhecido por Chico
Uma vez ele picado
Passa ser considerado
Perigo pro pobre e rico.
Espalhe o fuxico logo
Quando sair pra pescar
O fincudo dessa área
Onde você vai ficar
Pode estar infectado
Sem pescar, será pescado
História pode mudar.
Contudo, fique ligeiro
Previne do abacaxi
Mosquito haemagogus
Está solto e de olho em ti
Seu ambiente é o cerrado
Ele é mais um aliado
Rondando feito zumbi.
Se começar a sentir
Sinais diferenciados
Procure logo um doutor
Nos postos autorizados
A seguir tome a vacina
Siga toda disciplina
Com todos os seus cuidados.
Você pode ser o próximo
Na coluna dum jornal
Vítima febre amarela
Área urbana ou rural
Visto como portador
Do circuito transmissor
Desse vírus infernal.
América do Sul e África
Ainda América Central
Que essa febre amarela
Tem citação infernal
Aqui mesmo no Brasil
Age de modo sutil
Do ancião ao jovial.
Na menção bibliográfica
A pesquisa revelou
Uma grande epidemia
São Paulo se constatou
A cidade de Campinas
Teve em piores chacinas
País já presenciou.
Registrou assim a ciência
Cólera da epidemia
E três por cento do povo
Ali desaparecia
A região se comove
Dezoito, oitenta e nove (1889)
Que se deu a tirania.
A notícia se propaga
E pelo Brasil afora
Peste de febre amarela
Revelando toda hora
Viagem não se realizava
Empresa logo fechava
O turismo se apavora.
Lá de fora tais gazetas
Publicavam todo dia
Escala da migração
Nesse eixo de agonia
O país tava privado
Passeio era desviado
Por causa da epidemia.
A periferia mormente
Estava muito assustada
Com episódio de surto
Numa grande escalada
Estatística apontava
A tevê assim confirmava
Outra vítima enterrada.
Está assombrada até hoje
Zona urbana e interior
Com o vírus circulando
Atrás de algum portador
No entanto não dê bandeira
Ele não é brincadeira
Tem fama de matador.
Esse surto é apavorante
Minha gente brasileira
Jornal, rádio e tevê
Divulgam semana inteira
Que essa febre amarela
Zanza por aí na banguela
Galante e toda faceira.
É arteira a bactéria
Contudo, só faz desgraça
Deixando sempre uma vítima
Por aí onde ela passa
Sua fama é espinhosa
Essa peste é tão danosa
Qualquer tipo ela traça.
Não importa a casta ou cor
Pois essa peste atropela
Por esse Brasil afora
Espalha a sua chancela
Todo dia é registrado
Tão logo é anunciado
Morreu de febre amarela.
De sentinela continue
Oh telespectador!
Vírus ronda por aí
Para ter um condutor
Assim sendo tome tento
Para não ter um lamento
Lá na casa do senhor.
FIM.