CORDEL – Mote – Num país de burocrata – Roubar é mesmo brilhante – 17.01.2018
 
Após trocar alguns comentários com o brilhante poeta Trovador das Alterosas, das terras de Minas Gerais, tive vontade de fazer um cordel juntamente com ele, que é uma pessoa fina, um fidalgo no trato com seus semelhantes, inclusive com muito mais experiência do que eu na arte da poesia. Submetido o mote a sua apreciação foi devidamente aprovado, tanto que compusemos os versos que se seguem, ficando aqui o meu sincero agradecimento por haver aceitado o meu convite. Abraços do Ansilgus.
Nota: Em caso do publicação fica implícita a autorização neste documento:

 
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
ABABCDCD
 
TROVADOR COMPÔS ASSIM:

 
(01)
Meu mestre me enche a bola
Mas sabe que sou caipira,
Eu dou até nó na cachola
Prendo a calça com embira,
Só ando de alpargata
Mas nunca fui militante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante.
(02)
Eu que não vou desafiar
Pernambucano arretado,
Este mestre além de poeta
Tem diploma é advogado,
Qualquer assunto ele trata
É tarimbado e falante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante.
(03)
O mestre fez um repente
Respondi sem ver perigo,
Ele viu que eu sou valente
E Já se tornou meu amigo
Nisto não tinha bravata
Nem momento conflitante,
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante.
(04)
Firmando nossa amizade
Combinamos num instante,
Vamos ficar a vontade
Pra falar de governante.
Que é ladrão da nossa prata
De uma forma humilhante,
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante.
(05)
Aí descemos o machado
Falando o que o povo sente,
Desce o pau no deputado
Xingando o tal presidente,
Juiz a gente não maltrata
Se for bom representante,
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante.
(06)
Falei, ouça meu irmão,
Este povo é renitente,
Eles vão contratar espião
Pra ficar vigiando a gente...
Eles são todos caricatos
Chega até ser intrigante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante.
(07)
Ansilgus diz, faz favor,
Vamos é xingar o safado...
Tá com medo Trovador?
Com medo sai do meu lado!
Medo? Assim me destrata,
Não seja intolerante,
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante.
(08)
Ma ele voltou me dar alerta
Falar o que o povo sente
É uma obrigação do poeta
Porque poeta nunca mente,
Sua verdade é muito farta
Em seu poema apaixonante,
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante.
(09)
Está certo meu parceiro
Não acontece outra vez,
Agora vou abrir o berre
Ponha ladrão no xadrez,
Afastai a raça ingrata
Com a turma de meliantes
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante.
(10)
Eu já me despeço poeta
Desta nossa gozação,
A minha poesia é modesta
Mas ela vem do coração.
Mossa amizade a retrata
Eu fui apenas acompanhante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante.
 
Trovador das Alterosas.
 
 
Ansilgus assim se expressou:
 
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
ABABCDCD
(1)
Para fazer um cordel
Junto com tal Trovador
Terei de ser acrobata
Porque ele é professor
Um verdadeiro magnata
Um poeta fascinante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
(2)
Oriundo de Ipanema
Ali nas Minas Gerais
Com ele não há problema
Porque de fato é capaz
Claro que é democrata
Um poeta cintilante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
 (3)
Foi aqui pelo Recanto
Que por bem nos conhecemos
Sem fazer qualquer espanto
Na verdade bem nos demos
Sua vida bem pacata
Nada lhe é discrepante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
 (4)
Feito aqui este preâmbulo
Vou agora me soltar
Mas não vou mudar o ângulo
Neste país de lascar
Repleto de aristocrata
E de ladrão abundante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
 (5)
A cada dia que passa
Escândalos vão surgindo
Já não se tem qualquer graça
Porque se rouba sorrindo
Cara de terno e gravata
E que discursa ofegante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
 (6)
No governo do Michel
Só escapa alguns ministros
Caiu a sopa no mel
Casos são muito sinistros
Onde domina a bravata
Roubalheira alucinante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
 (7)
Agora mesmo na Caixa
Do governo federal
Desliza o roubo na graxa
Isso pegou muito mal
Lá na vice dos piratas
De técnica ignorante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
 (8)
Tanto que o Tribunal
Exigiu a demissão
De quatro caras do mal
Depois duma discussão
Sem nada de tecnocrata
Indicados no berrante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
 (9)
O Temer nada queria
Só manter os inocentes
Desta vez ele seria
Impedido certamente
Depois que cuidou da próstata
Parece não relevante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
 (10)
Finalmente demitiu
Quatro dos dez felizardos
Contra a vontade, ruiu,
Foram embora os bastardos
Corrupção lá em cascata
Que gente deselegante
Num país de burocrata
Roubar é mesmo brilhante
 
Ansilgus

23/01/18  - Jacó Filho, brilhantemente interagiu:

Navegam rimas sensatas,
Repentistas triunfantes.
E falam desses magnatas,
Que se declaram elegantes...
Quadrilheiros de gravata,
Negam tudo num rompante...
Num Pais de burocrata,
Roubar é mesmo brilhante


26/01/18 00:08 - Miguel Jacó interagiu muito bem, grato:

nasci sem fazer fanfarra
inda hoje vivo quieto
já trabalhei na enxada
nunca fui muito experto
na poesia um fracasso
na vida um extravagante
num país de burocratas
roubar é mesmo brilhante.

trovador versa de Minas
Ansilgus de Pernambuco
Jacó filho de São Paulo
Miguel Jacó de Taubaté
leitores de toda parte
farão juízo interessante
num país de burocratas
roubar é mesmo brilhante.

mas o tema é governança
este me dar desesperos
porque roubam e afrontam
é ladroagem em cascata
não uma alma sensata
um bando de meliantes
num país de burocratas
roubar é mesmo brilhante.

Boa noite poetas, parabéns a todos vocês pela defesa impecável
irreverente mote, um abraço a vocês, MJ.

 
ansilgus e Trovador das Alterosas
Enviado por ansilgus em 20/01/2018
Reeditado em 26/01/2018
Código do texto: T6231057
Classificação de conteúdo: seguro
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