A saga do imigrante.

Estrangeiros que vieram

Pro Brasil pra trabalhar

Geralmente não trouxeram

Ninguém para os ajudar

E também nada souberam

Do que podiam esperar.

Embora trabalhadores

Alguns vieram iludidos

Se julgavam ganhadores

De lugar desconhecido

Se casavam nos vapores

E aqui chegavam unidos.

Embarcavam em um navio

Com centenas de migrantes

Enfrentavam intenso frio

Pra ir pra lugar distante

Era um destino sombrio

E a viagem desgastante.

Vinha mais por ilusão

Esperava ser tratado

Como honrado cidadão

Que cumpriu o contratado

Mas vinha a desilusão

No porto era abandonado.

A família ele deixava

Pra morar em outra terra

Nunca mais comunicava

Parecia estar em guerra

Quando ele comentava

Era a dor que o peito encerra.

Era um povo destemido

Que queria prosperar

Num país desconhecido

Onde preferiu morar

Quase sempre algum bandido

Ia dele algo furtar.

Veio o povo Italiano,

Libanês e Português,

Veio o Ucraniano,

E também o Polonês,

Espanhol e o Germano,

O Inglês e o Francês.

Cada um trouxe a cultura

E aqui a cultivou

Algum cultivou verdura

Outro o café plantou

Outros trouxeram a costura

Que o imperador gostou.

Alguns poucos desistiram

E tentaram retornar

Poucos isso conseguiram

Não tinham como pagar

E com isso todos viram

Que deviam acostumar.

A nossa língua aprenderam

Sem a sua abandonar

À verdade se renderam

Eram estranhos no lugar

E assim compreenderam

Que deviam misturar.

Alguns casavam com dote

Outros só mesmo a mulher

Outros ganhavam um lote

Pra plantar o que quiser

E diziam pro consorte

Compre terra se puder.

Em geral vem muitos filhos

Parecia uma escadinha

Todos sabem o estribilho

Cada um tem um caminho

Se alguém sair do trilho

Era apenas descaminho.

Quando então nascia um neto

Precisava de uma festa

O avô ficava quieto

Porque a surpresa é esta

Para demonstrar afeto

Comiam tudo o que resta.

Faziam um batizado

O patrão era o padrinho

De compadre ele é chamado

Mão não pode ser sozinho

Deveria ser casado

E respeitar o vizinho.

Quando o afilhado cresce

O padrinho o aconselha

Ele não se aborrece

Mas faz o que dá na telha

Aos pais não mais obedece

Passa a ser a negra ovelha.

Em geral vai pra cidade

Procurar vida mais mansa

Mas não tem capacidade

E logo disso se cansa

Sua escolaridade

É pouca e logo ele dança.

Volta então pra sua casa

Leva uma bronca do pai

Diz que não quebrou a asa

Que a cidade não distrai

Diz que quer a sua casa

E assim a vida vai.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 01/12/2017
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