A bicicleta dos meus sonhos

I

Todo ano de forma bem discreta

Eu olhava ansioso o calendário

Pois sonhava, no meu aniversário

Receber de presente, uma bicicleta

Eu cresci sem ganhar a predileta

Mas meu sonho num sonho aconteceu

E ninguém era mais feliz que eu

Quando nela eu estava a pedalar

Descobri que podia até voar

E voando um problema aconteceu

II

Certa vez fui dar um rolê na lua

Pra testar o poder da bicicleta

Na garupa eu levei a minha neta

E uma amiga que mora em sua rua

Minha bike é tão leve que flutua

Dá prazer no espaço viajar

Pra subir nem precisa pedalar

Ela sobe tal qual fosse um balão

Pra descer basta girar o guidão

E os pedais no momento de pousar

III

Eu ainda estava bem lembrado

Da primeira viagem que eu fiz

Como eu era ainda um aprendiz

Fui parar num planeta esburacado

Percebi que um pneu tava cortado

E não tinha levado um de suporte

Como sou prevenido e tenho sorte

Com o isqueiro esquentei um canivete

Derreti um pedaço de chiclete

E moldei um remendo para o corte

IV

Desta vez ainda fui mais precavido

Mas ao fim quase nada precisei

Só depois que na lua aterrissei

Percebi que alguém tinha caído

Minha neta gritou no meu ouvido

Que a amiga soltou-se do seu braço

E saiu flutuado no espaço

Pela ausência total da gravidade

Eu também flutuei com brevidade

E fisguei a garota com um laço

V

Já na volta não mais houve incidente

E pousamos tranquilos numa estrada

Só notei que uma coisa estava errada

Quando achei minha neta diferente

Eu falava, mas ela estava ausente

Insisti, porém não me respondia

Ao tocá-la senti que estava fria

E na pele uma grande flacidez

No seu rosto uma estranha palidez

E soltando gemidos de agonia

VI

De repente a barriga da menina

Começou a crescer com rapidez

Parecia uma estranha gravidez

Que surgia de forma repentina

A seguir, uma verde gelatina

Pela boca, saiu-lhe de golfada

A garota caiu desacordada

E em poucos instantes faleceu

Outro fato medonho aconteceu

Com a baba gosmenta esverdeada

VII

Que então começou se transformar

Numa forma de vida muito estranha

Com aparência sinistra de uma aranha

E o corpo tratou de devorar

Não ficou nem um osso pra enterrar

E depois que comeu a minha neta

Disparou uma teia fina e reta

De onde estava, em minha direção

Foi aí que esbocei uma reação

E fugi bem veloz na bicicleta

VIII

A aranha outra teia disparou

E o fio grudou no meu guidão

A seguir eu senti forte puxão

E por pouco ela não me derrubou

A aranha então se aproximou

Com a boca vermelha escancarada

Eu então caprichei na pedalada

Que nem Dilma quando era presidente

Acordei do tal sonho felizmente

E abracei minha netinha adorada

Edmilton Torres
Enviado por Edmilton Torres em 17/10/2017
Reeditado em 17/10/2017
Código do texto: T6145476
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