OS CAMINHOS DO SERTÃO
São muitos os caminhos
Que te levam até o sertão
Você pode romper veredas
Seguir por uma estrada de chão
Cruzar vales e montanhas
As mais longínquas entranhas
Em meio a vegetação
Rompendo pontes e porteiras
E as mais diversas passagens
Entre igarapés e cascatas
Em meio as belezas selvagens
Numa chalana ou numa canoa
Seja num lago ou lagoa
Verás as mais lindas paisagens
Você chega até o sertão
Quando atravessa a Restinga
Quando desbrava o Cerrado
Ou passa em meio à Caatinga
Quando cruza o Pantanal
E num meio de um palmital
Ouve o canto da jacutinga
O sertão pode estar no Sul
Ou também nas bandas do Leste
Você pode romper pro norte
Ou se embrenhar no Sudeste
Buscá-lo em meio a diversidade
No campo ou em uma cidade
Nos confins da Zona Agreste
Você pode explorar planícies
E seguir outras direções
Percorrer o interior litorâneo
Achar aldeias e povoações
Cruzar o Triângulo Mineiro
E num recanto bem brejeiro
Se encontrar entre as plantações
São muitos os caminhos
Que te levam até o sertão
Vá desbravando veredas
Contemplando a vegetação
Cruzando vales e montanhas
As mais longínquas entranhas
A cada palmo de chão
Em meio a flora e a fauna
Nas mais diversas passagens
Verás rios e cascatas
Dentre outras paisagens
A galope ou numa canoa
Num igarapé ou numa lagoa
Terás as mais ricas imagens
O sertão está nas trincheiras
Onde há o aboio e o vaqueiro
Os cordelistas e os repentistas
A moda de viola e o violeiro
Está onde há festas num galpão
Onde há a cuia e o chimarrão
E a guampa do pantaneiro
A essência sertaneja
Está nas comitivas boiadeiras
Nas parteiras e carpideiras
Nos causos dos compadres
Nas receitas das comadres
Ou nos ramos das benzedeiras
Está nos ranchos de sapê
Na lenha que aquece o fogão
Na garapa que sai da cana
Na chuva que molha o chão
Está no viço do capinzal
Na beleza de um cafezal
Ou no carro de boi no areião
A identidade sertaneja
Está no chapéu e no gibão
Está no sotaque caipira
Está na festa de São João
Está na festa do padroeiro
Padim Ciço do Juazeiro
E no culto ao Rei do Baião
O sertão fica mais lindo
Quando chega o alvorecer
E quando o céu alaranjado
Anuncia o entardecer
Os sons e os cheiros campestres
Revelam as riquezas rupestres
Que à vida vem acrescer
“Não há, ó gente, oh não
Luar como este do sertão. ”
É o que diz a poesia
Que brotou da contemplação
Tem razão o poeta Catulo
A quem aplaudo e congratulo
Por tamanha inspiração
Com as riquezas naturais
Cidades e povoações
Nos confins do meu Brasil
Figuram os grandes rincões
E a pluralidade cultural
Tanto urbana quanto rural
Formam os diversos sertões.
Por: Márcia Haidê