O PEIDO DA ROSINHA
Como quem ao mundo se predestina,
apenas Rosinha, linda flor em botão.
Nem mulher, nem moça e nem menina,
diria, uma mulher ainda em formação.
Entretida, certo dia subia o espigão,
caminhando e saltitando pelo carreador,
Cantando alegre uma linda canção,
que contava um belo causo de amor.
Ora assobiava, ora pulava ou cantarolava
Mas só, estava caminhando a Rosinha.
O motivo de tal alegria ninguém atinava,
fazia parte de um segredo que tinha.
Era assim a vida naquele solitário recanto,
onde se vivia plenamente a cada segundo,
e Rosinha, apesar de todo o seu encanto,
a coitadinha parecia tão só neste mundo.
Era a caçula de uma grande família,
perdeu a mãe era ainda uma criança.
Criada pelos irmãos, cresceu a revelia,
e da mãe trazia apenas vaga lembrança.
Não era criança e nem adolescente,
talvez naquela idade ainda indefinida,
mas sentia no corpo algo diferente,
não sabia que era o desabrochar da vida.
Longe dos olhares de cobiça dos moços,
sentiu se a vontade , tão só a caminhar.
Levantou a saia bem acima do pescoço,
e a cada salto, um peido bem alto no ar.
Contando um a um quando ao décimo pressentiu,
que do cafezal vinha um barulho esquisito.
Baixou rapidamente o vestido, as pernas cobriu.
ao olhar para traz, la estava o negrinho Benedito.
O menino contemplando aquela belezura,
não cabia em si, estranho contentamento.
Criança ainda, mas menino em formatura,
não sabia a origem de tal comportamento
Inerte contemplava a menina, alegre a sorrir.
Corada de vergonha então ela perguntou:
__ Estrupício de menino, porque estais a me seguir?
__ Quanto tempo faz que você me acompanhou?
Embora com medo, mas por doce malvadeza,
mostrando os alvos dentes, de longe sorrindo,
foi dizendo à rosinha, linda flor camponesa:
__ Desde primeiro peido eu estou te seguindo