A utilidade da vida

O que vale a nossa vida

Pra que serve o padecer

O que vale uma subida

Se depois vamos descer

Para que a recaída

Se não vamos aprender.

O que vale ter a vida

Para que o argumento

Ela é porta de saída

Pra voltar ao firmamento

E depois da despedida

Continua o sofrimento.

Se vivemos outras vidas

Pouco foi aproveitado

Tantas foram as despedidas

Que ao chegar ao outro lado

Aprendemos que a subida

É o peso do passado.

Na saída desse mundo

O passado se despede

Como um simples moribundo

Ganha aquilo que não pede

E no seu pensar profundo

Sente o que a vida concede.

Vai e volta do passado

Sempre em busca da harmonia

Que um dia não lembrado

Falou o que não sabia

Disse que fora marcado

Com a marca da agonia.

Velejando no infinito

Volta às vezes à razão

Solta um grito aflito

Sozinho na multidão

No semblante está escrito

Que a morte é solução.

Faz de conta que aprendeu

A lição que alguém ditou

Porém nada ofereceu

Nada lhe acrescentou

Tudo aquilo que era seu

O destino lhe negou.

Luta em nome da vitória

Sem pensar que vai fugir

Apesar da luta inglória

Nunca pensa em desistir

No final vira um escória

Que não tem onde cair.

Uma vida de prazeres

Quase sempre é condenada

Sempre há velhos dizeres

De quem nunca viveu nada

Não cumpriu os seus deveres

Não cumpriu palavra dada.

Vê o sol com um sorriso

Mas se nega a caminhar

Quer pra si o paraíso

Vendo a noite aproximar

Despreza qualquer aviso

Seu viver é descansar.

Se a vida tiver preço

Qualquer um pode pagar

Ela é um adereço

Que se usa pra enfeitar

Ela é coisa que eu mereço

Porque quero retornar.

Fiz o meu próprio destino

Bajulando um orador

Prometo ser um menino

Decente e trabalhador

Mas não quis ganhar ensino

Preferi ser malfeitor.

Escolhi meu afazer

Mas não quis nenhum esforço

Preferi nada fazer

E pedi ser sempre moço

Mas vivendo de prazer

Eu fiquei preso no fosso.

Hoje sou redemoinho

Numa roda de fracassos

Sou a pedra de moinho

Que jamais vai dar um passo

Esqueci que o passarinho

Poderá cair no laço.

Desconheço o amanhã

Nada quero pra viver

Quero ter palavra sã

Quero ter algum viver

Vou deixa a vida vã

Vou lutar para vencer.

Um desejo de viver

Não será desmantelado

Vou somente obedecer

Cumprir todo o combinado

Com a água que eu beber

Farei um dessedentado.

Da vitória que eu tiver

Eu darei o resultado

Para aquele que quiser

Cobrar do endividado

Ao final o que vier

Será o meu passo dado.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 25/06/2017
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