LEMBRANÇAS DA MINHA INFÂNCIA NO SÍTIO DO MEU AVÔ

Eu lembro da infância

De mil brincadeiras,

Gostosas risadas

Em meio às carreiras,

Cheias de motivo,

Que hoje revivo,

Tão alvissareiras.

Lembranças de feiras,

Do jogo em calçadas,

Do pião na areia,

De vacas laçadas,

Da rede de pano,

Do velho cigano,

De histórias contadas.

Eu lembro da Lua

Trazendo o clarão.

Lembro do vaqueiro,

Do boi, do alazão,

Conversa alpendrada,

Paçoca pilada,

De lá do sertão.

Eu lembro a debulha

Do feijão, da fava,

Relembro a espingarda

De alguém que caçava,

Do banho de açude,

Da bola de gude

Que a gente jogava.

Eu lembro do medo

De alma penada,

Relembro o fogão

Com lenha rachada,

Do bode abatido

Para ser servido

Na boa buchada.

Consigo lembrar

Da enxada e da pá

Usadas no sítio,

Do bom aluá,

Da broa de milho,

Do dedo ao gatilho

Matando o preá.

À mente me vem

Peludo mocó,

Na beira do rio

Vi muito socó.

Na velha fazenda,

Era quase lenda

Meu avô Dodó.

Velho coronel

Comprador de gado,

Meu avô idoso

Era abnegado,

Fez de tico em tico

Um rancho de rico

Com belo legado.

Eu hoje sentado,

Na minha cadeira,

Relembro orgulhoso

A vida estradeira,

Que foi minha vida,

Tão bela e vivida,

Passada ligeira.

Eu sigo saudoso,

Não quero esquecer,

Poder sempre espero

Lembrar do viver.

Fazer do passado

Um álbum guardado

Que alegre o meu ser.