FRAGMENTO DA VIDA RURAL



Meras lembranças restaram
Do velho carro de boi
Do campo para a cidade
Quão importante ele foi
Levando o arroz e feijão
Trazendo preciosidades

Com o seu canto dolente
Deixando suas marcas no chão
No seu continuo vai e vem
Abasteceu de lenha o fogão
Alimentando toda a gente
Súditos e nobres também

Mas como tudo tem seu tempo
O seu também chegou ao fim
Restam apenas seus fragmentos
É lamentável o ver assim
O seu passado de gloria
Tornou-se um capitulo na historia


A vida é mesmo um mistério
Do carreiro apenas a saudade
Na lápide do cemitério
Como dói essa realidade
Partiu primeiro que os bois
Aos açougues da cidade

Veja a vida como ela é
Do carreiro os gritos emudecidos
Dos bois sapatos de couro no pé
Do carro pedaços apodrecidos
Mas na memória da gente...
Saudades do  seu canto dolente!
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Trovador das Alterosas resolveu e esticou o caso para mostrar que se lembra dos carros de bois, Ai saudade do canto e dos gritos dos carreiros gravados no cérebro como canto de passarinho.
 


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Do amigo Valdoniro o trovador das Alterosas
a quem eu agradeço pela bela interação!
 
CANDIEIRO DE
 CARRO DE BOI.
 
 
Era uma cantiga sonolenta
Ecoando naquelas estradas,
E soava como um lamento
Pelas bibocas empedradas,
Até hoje ela me atormenta,
Sendo por mim lembradas.
 
Mamãe com seu tino seguro
Já cuidava do meu paradeiro,
É bem isto aí que eu procuro
Você vai ser é um candieiro,
E ter uma profissão de futuro
Junto com o mestre carreiro.
 
Ò meu Deus que me perdoe,
Mas êta hominho desgraçado...
E toda minha paciência se foi.
Na tábua do carreiro, trepado,
O peste metia a guiada no boi
Inda me xingava de retardado.
 
Aguentei ainda duas semanas
No tal inferno de peregrinação,
O almoço eram duas bananas,
E agente dormia esticado chão.
Revoltado eu larguei o sacana
E desisti daquela tal profissão.
 
Mamãe pra levantar o meu ego
Disse sem trabalho não vai ficar.
Ela queria meu bem, não nego,
Queria me ver era a trabalhar,
Arranjou pra eu ser guia de cego,
E disse: à toa não vou lhe deixar.
 
 
 
 

 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 19/02/2017
Reeditado em 27/02/2017
Código do texto: T5917293
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