Uma lágrima

Uma lágrima rolou

No rosto da minha amada

Sem querer ela chorou

Por estar apaixonada

Porém pouco isto durou

Não estava acostumada.

Ela disse que estava

Com vontade de sorrir

Porém não se contentava

Em somente me ouvir

Eu, porém, pouco falava

Para ela não fugir.

Eu, porém, não entendia

Quanto valho para ela

Pouca coisa, isso eu sabia,

Mas faria para aquela

Que por mim nada faria

Tudo que fosse pra ela.

Eu pedi que me dissesse

Como posso conquistá-la

Ela disse que eu fizesse

Um lugar pra colocá-la

E que eu me contivesse

Quando quisesse olhá-la.

Eu lhe disse que o lugar

Eu daria com prazer

E também quando a olhar

Vou procurar me conter

Mas pra que serve o amar

Se não vai corresponder.

Ela disse que daria

Sua vida por amor

Mas de mim nada queira

Por eu ser gladiador

Disse que não poderia

Conviver com matador.

Nessa hora eu acordei

O que vale ser valente?

Meu ofício eu pratiquei

Para ser obediente

Mas a moça que amei

Era o meu maior presente.

Eu lhe disse vou parar

Vou parar de combater

Nunca mais vou gladiar

Vou agora me conter

Gostaria de casar

Para um lar eu poder ter.

Se você me aceitar

Vamos pra longe daqui

La eu posso trabalhar

Ter o que não tenho aqui

Da família eu vou cuidar

Fazer o que eu escolhi.

Vou fazer na casa nossa

Um cantinho para nos

Preparar a lenha grossa

Para um inverno a sós

Aquecer a nossa choça

Até virarmos avós.

Ela então me abraçou

Dizendo quero casar

Feliz agora eu estou

Já que posso confessar

O que dizem que eu sou

Nunca fui e vou provar.

Dizem que sou concubina

De um velho descasado

Que carrego a minha sina

Por levar um pão assado

E serei a assassina

Desse velho esfarrapado.

Perguntei quem era ele

Ela disse é o meu pai

Disse cuidaremos dele

Diga-lhe que ele vai

Para mim ser sempre aquele

Cuja vida não se esvai.

Nova lágrima rolou

Mas agora era feliz

Ela então me ofertou

Uma flor com tal matiz

Dizendo que agora eu vou

Conquistar o que eu quis.

Conquistei seu coração

Fui buscar seu velho pai

Recebi a gratidão

De quem na vida não cai

Dei adeus à solidão

Pois o velho me distrai.

Aprendi com o que diz

Como não ficar doente

Hoje sou um aprendiz

Mas já sei que no presente

Posso ter tudo o que quis

Vivendo decentemente.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 28/08/2016
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