A Filha de Justino

Meu povo eu aqui voltei

Então queiram me escutar

Sai la do meu sertão

E vim para lhes contar

Um fato que aconteceu

Que ali pude presenciar

Um homem chamado Justino

Era homem de retidão

Com quase ciquenta anos

Sofria do coração

Perdeu sua filha tão linda

Lá dentro daquele sertão

A moça era formosa

Não andava em finos panos

Não havia malicia nenhuma

Nem seus lábios eram profanos

Foi-se embora tão nova

Morrendo consigo seus planos

A cidade de São Simão

O último adeus veio dar

Era uma triste tarde

E iam a enterrar

O cemitério perto da igreja

Seria seu novo lar

As portas dos comércios

Aos poucos abaixavam

A cada passo que dávamos

Era o respeito pela menina que admiravam

A multidão se apertava

E aos prantos Choravam

Na Igreja da pequena cidade

Teve gente até na janela

Todos queria ver

A menina que era bela

Tinha um sorrizo legre

Apagou-se mais uma vela

Justino de longe olhava

Sua filha dentro daquele caixão

Mas não acreditava

Que morrera sua paixão

A filha tão amada

Que um dia pegou nas mãos

Poema tirado de uma das viagens que fiz à pequena cidade de São Simão do Rio Preto,no ano de 2003 quando uma menina de 18 anos faleceu por rejeição de orgãos, muito me comove e resolvi deixar em um poema a história dela...