TE AMO EM TODO LUGAR.
Escrevi no sabonete
No batente da janela
Tudo quanto foi tigela
Na tábua do tamborete
No pano de um tapete
No jarro com um ramo
Em todo lugar proclamo
Na casa inteira tá dito
Pode lê que tá escrito
Te amo te amo te amo.
Escrevi no meu gibão
No couro da minha sela
Na minha bota amarela
Na palma da minha mão
No casco do alazão
Que corisco eu o chamo
No pote que eu derramo
As águas do rio do grito
Em todo lugar tá escrito
Te amo, te amo te amo.
Escrevi na minha sanfona
No couro do meu pandeiro
Na minha capa de esqueiro
Na minha cama de lona
Tá na folha da mamona
Que seu amargo difamo
De fel é que á chamo
Com seu gosto esquisito
Mais lá também tá escrito
Te amo, te amo te amo.
Eu escrevi na cancela
Na madeira do mourão
Na estaca do oitão
E em cima da fivela
Na cortina da janela
A onde eu declamo
Poemas que eu inflamo
Inspirado no infinito
Pois lá também tá escrito
Te amo, te amo te amo.
Escrevi na minha rede
No cabo da minha enxada
Na coronha da espingarda
E no canto da perede
No tronco do avelóz verde
E na cuia que derramo
Água por sobre o ramo
De um alecrim bonito
Se lê vai ver tá escrito
Te amo, te amo te amo.
Escrevi no meu alforge
Na vara do meu jirau
Na bainha do punhal
Na espada de São Jorge
No capô do meu Ddge
O xodó que eu exclamo
Por isso eu não reclamo
Do meu dizer favorito
Caprichado e bem escrito
Te amo, te amo te amo.
Escrevi na pedra bruta
No pé de mandacaru
Na raiz do molungu
E na entrada da gruta
Ate na casca da fruta
Que no terreiro esparramo
Com uma ponta de ramo
Escrevi como um rito
Assim ficou bem escrito
Te amo, te amo te amo.