A arma invencivel.

Perguntei ao coração

O porquê do meu sofrer

Por que tanta solidão

Por que não compreender

Por que tanta indagação

Sé é possível responder.

Ele disseque sou eu

A razão desse sofrer

Porque ele não perdeu

A vontade de querer

Que está no que não deu

Todo o seu aborrecer.

Nunca vi um coração

Falar tão desajeitado

Se puder me diga então

Porque sou tão maltratado

Se na minha solidão

Não tenho ninguém ao lado.

Ele disse que assim

É a fuga de quem quer

Encontrar pra tudo um fim

Recebendo o que vier

Nunca estará a fim

De aprender o que puder.

Ele riu nesse momento

Disse que estava demais

Confirmando o juramento

Prometeu não sofrer mais

A partir deste momento

Solidão nele, jamais.

Eu lhe disse que faria

Um favor se me pedir

Mas não acompanharia

Mesmo se me coagir

Ele respondeu que um dia

Eu iria competir.

Perguntei qual era a luta

E porque eu ir lutar

Ele disse que a disputa

É pra ver quem sabe amar

E o prêmio da labuta

É um passo à frente dar.

Respondi que não sou leigo

Não iria combater

Por algo que não aceito

Muito menos quero ver

Ele disse muito meigo

Que lutar é um dever.

Não lutar é covardia

Paz suprema é ilusão

Competir é ousadia

Mas não dá compensação

É mostrar sabedoria

Pra vencer uma razão.

Competir é o problema

De quem quer obedecer

Não inventa estratagema

Á capaz de convencer

Demonstrando o seu esquema

Traz à tona o seu poder.

Resolvi então lutar

Para ver como é que é

Fui primeiro me arrumar

Pra não cair de pé

Não cheguei a perguntar

Nossa arma era a fé.

Empunhei a minha arma

Olhei meu opositor

Ele estava sem a arma

Me olhava com terror

Eu lhe disse 'me desarma

E será o vencedor'.

Respondeu que não podia

Minha arma era só minha

Ele se armara um dia

Mas guardara na bainha

Comigo não lutaria

Era a arma que ele tinha.

Eu fiquei desajeitado

Sem saber como lutar

Com alguém já desarmado

Que estava a me ensinar

Como ser tão respeitado

Sem uma palavra usar.

Eu baixei a minha espada

Disse a ele 'meu senhor'

Minha arma é desastrada

Eu não sou um lutador

Me perdi na caminhada

Me ajude, por favor.

Eu senti um arrepio

Ouvi gritos na plateia

Vi a vida por um fio

Condenado em assembleia

Quando ouvi um assobio

Vindo de uma plebeia.

Ela me estendeu a mão

Ouvi dela o meu valor

Disse que o meu coração

É um grande lutador

Pois lutando com a razão

Fora ele o vencedor.

Desse dia em diante

Não parei mais de lutar

Minha arma doravante

Foi somente arrazoar

Aprendi naquele instante

Como é doce o perdoar.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 30/01/2016
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