o cavaleiro da esperança.

Sou um cavaleiro andante

Nas estradas do sertão

Onde passo sou falante

Sempre estendo a minha mão

O que faço neste instante

É cumprir minha missão.

Sou vaqueiro, sou pastor,

Sou um velho bem prudente

Passageiro de um vapor

Domador do cão valente

Sou também conservador

Do amor que o amor sente.

Vivo a vida costumeira

Convencido que não sou

O que diz a faladeira

Que de mim sempre falou

Vivendo à minha maneira

Dou de mim o que restou.

Sempre dou ao condenado

Novas forças pra lutar

Mostro a ele que o passado

É preciso reparar

E que pra ser respeitado

Tem muito pra melhorar.

Levo luz ao caminhante

Que caminha sobre o chão

Procurando pela amante

Que lhe deu satisfação

Mostro a ele em um instante

Que precisa de perdão.

Levo pão para o faminto

Que no dia não comeu

Tem a sorte que eu pressinto

Feita pelo que ele deu

Sobre o destino não minto

Cada um constrói o seu.

Levo paz pro combatente

Amor para o abandonado

Remédio para o doente

Perdão para o injustiçado

Dou coragem pro valente

Ser também bem educado.

Distribuo a esperança

Entre os lares que visito

Dou a todos tolerância

Violência não permito

Mostro que a intolerância

Está sempre atrás do grito.

Dou a mão ao companheiro

Que no seu dia emprestou

O gibão para o primeiro

Corpo nu que encontrou

E ao sedento sem dinheiro

Deu a água que restou.

Meu cavalo não tem asa

Mas tem pata protegida

Sabe onde é a sua casa

Onde está sua comida

A viagem nunca atrasa

Por causa desconhecida.

Minha sela sem correia

Não lhe serve de algema

Não invade terra alheia

Respeitar é o seu lema

O sangue que tem na veia

Nunca lhe causou problema.

Meu cantil é sempre cheio

De remédio pra ilusão

Quando fica pelo meio

É porque a ingratidão

Quis pegar amor alheio

Pra fugir da solidão.

Nessa hora o meu remédio

Dá alívio à dor atroz

Ele acaba com o tédio

Não deixa ninguém a sos

Foge de qualquer assédio

Do amor escuta a voz.

Eu na minha cavalgada

Ouço a voz de uma criança

Que está na minha estrada

Entregando a esperança

Mostra que a minha jornada

Também tem ignorância.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 10/01/2016
Reeditado em 10/01/2016
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