Guerra da salvação

Nada tendo para oferecer ao nobre povo francês nesse momento de dor ofereço essas palavras que espero sirvam para mostrar uma mão amiga estendida por cada brasileiro.

Poema de um lutador.

É a dor de algum fracasso

Que encontra o seu espaço

No fundo do coração

Sem criar um embaraço

Dá às letras o seu espaço

E dá vida à ilusão.

Não dá trégua ao condenado

Que põe culpa no passado

Pela sua ingratidão

Mas exige sorridente

Pôr a sua dor pungente

No cadinho do perdão.

Reconhece que um dia

Por sentir desarmonia

Escreveu com a paixão

Que lhe disse que viria

Lhe trazer nova alegria

Sem querer compensação.

Foi a falta desse dia

Que me trouxe a agonia

Desse modo de escrever

Procurei na fantasia

Encontrei na nostalgia

A razão de isso fazer.

Fracassado na escrita

Hoje sou a voz que grita

Por nunca poder compor

Minha voz está aflita

Vou pedir que ela reflita

Sobre a causa desse ardor.

Dei um passo em direção

De onde veio um palavrão

Que dizia que eu estava

Em busca de algum perdão

Pois estava em perdição

Que a Deus eu enganava.

Encontrei nessas palavras

Simplesmente pó de lavras

Que afloram neste mundo

Eu jamais quebrei aldravas

Libertei muitas escravas

As tirei do submundo.

Dei um passo no passado

Para ver se fui honrado

Como foi meu proceder

Encontrei um enforcado

Com um nó desapertado

Querendo me agradecer.

Abracei-o longamente

E falei do meu presente

Para ele me entender

Ele disse que me entende

Mas estou impaciente

Isso me faz padecer.

Eu falei sobre o meu dia

Ele trouxe com alegria

Um altar pra pagamento

Eu disse que não queria

Vira em sua galhardia

O final do meu tormento.

Eu refiz a minha estrada

Encontrei na caminhada

Uma grande multidão

Que seguia compassada

Com as pernas desatadas

Aos caídos dando a mão.

Fui aos poucos repensando

Como todos, caminhando,

E vi que fizera nada

Alguém veio me afirmando

Que eu estava descansando

De uma longa jornada.

Isso eu não compreendia

Mas eu vi naquele dia

Como foi o meu viver

O meu rosto refletia

Minha voz só repetia

Que eu cumprira o meu dever.

Me disseram que eu teria

Facilmente cumpriria

Minha nova obrigação

Dali não mais sairia

Para todos mostraria

Como ser bom guardião.

Eu queria simplesmente

Caminhar como um presente

Nas hostes de um Ser sagrado

Mas me veio de repente

Um ser todo sorridente

Que caminhou ao meu lado.

Disse que eu poderia

A partir daquele dia

Escolher o meu andar

Eu falei que cumpriria

Sob a luz da valentia

O dever de bem guardar.

Que por ser um guardião

Eu daria a gratidão

De também poder cuidar

Estaria de plantão

Sem qualquer reclamação

No lugar que me indicar.

Ele disse francamente

Que por eu ser resistente

Me daria a portaria

Aonde chega o penitente

Carregando o seu doente

Que purgou o que devia.

Eu falei que prontamente

Aceitava o seu presente

E que muito agradecia

Ele disse tão somente

Que agora já consente

Que eu durma na portaria.

Retruquei que não devia

Pois assim ele abriria

Para mim uma exceção

Ele disse que eu podia

Repartir o que recebia

Com aquela multidão.

Eu então compreendi

Que por tudo o que eu vivi

Fora bem remunerado

Até mesmo o que sofri

Foi o que admiti

Pra pagar o meu pecado.

Encontrei no meu viver

E no meu bom proceder

O caminho do perdão

Que mostrou que o meu saber

Resultou do aprender

Na escola da ilusão.

Nos momentos que vivi

Muito pouco eu aprendi

Mas não parei na subida

Se algum degrau subi

Foi porque também abri

O livro da minha vida.

Nesse livro há um poema

Que mostrou de forma plena

Que eu cheguei ao meu final

Demonstrou que o meu lema

De cumprir a minha pena

Fez de mim um grão de sal.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 15/11/2015
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