A escada da vida

No degrau de uma escada

Ouvi uma voz pausada

Dizendo ter vida dura

Dizia não dever nada

Que era uma alma penada

Vivendo de amargura.

Dizia não merecer

Qualquer um podia ver

Consultando o seu passado

E depois então trazer

Um pouquinho de prazer

Vendo que não tinha errado.

Dizia que a sua luta

Que travava na labuta

Tinha muito sofrimento

Que a vida é muito curta

Vive bem quem muito furta

Esse era o ensinamento.

Quando alguém chega ao final

Nunca paga pelo mal

Que fazia por dinheiro

Ignora o seu igual

Dele faz o pedestal

Para em tudo ser primeiro.

Usa bala de festim

Para tirar do jardim

A criança abandonada

Que do dia vendo o fim

Já sabendo ser assim

Dorme suja na calçada.

Disse ela que um dia

Fora alguém que decidia

Sobre a vida de um moço

Que nem mesmo conhecia

Mas por grande covardia

Colocou no calabouço.

E depois aconteceu

Aquele moço morreu

Arrastado em uma biga

Você disso se esqueceu

O moço era um filho seu

Mas você negou-lhe a vida.

Poderia ser melhor

Sendo você o maior

Na escala do governo

Mas você sabe de cor

Que você foi o pior

Praticando desgoverno.

Hoje é um operário

Vivendo com o salário

Que recebe do patrão

Mas esquece do diário

Onde está o itinerário

Feito pela sua mão.

Não pensou no inocente

Que marcou com ferro quente

Pra mostrar sua coragem

Castigou sempre o doente

Que não estava presente

No momento da contagem.

Muitas armas preparou

A muitos sacrificou

Pra aumentar o seu poder

Aos velhos não respeitou

Também à moça obrigou

A você satisfazer.

Hoje é um João Ninguém

Que está querendo alguém

Pra formar um novo lar

Entretanto pro seu bem

Esse alguém será também

Seu passado a te cobrar.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 11/10/2015
Reeditado em 11/10/2015
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