Frei Dimão exibe a cólera do Divino

Tenho espaçado as visitas

a este antro do pecado

tantas honrarias e fitas

mas sem ninguém libertado

O Pai deu-me grave missão

que Allah dá aos ulemás

de afastar a maldição

onde opera o sacanaz

E nisso tenho lutado

com toda paixão e fervor

contudo o horrendo pecado

tem saído o maior vencedor

Se combati o facurismo

foi por razão que convém

chega de falso lirismo

a hora é de fechar seu harém

Harém traz promiscuidade

e a mais feia dissolução

e perdida a castidade

resta-me dar excomunhão

Preciso de boa enfermeira

para cuidar de mi'a saúde

mas se forNica a que me beira

melhor encomendar o alaúde

Para louvar o Senhor

a quem fiz tudo o que pude

mas vê-lo, só se lá for

a bordo de virginal ataúde

Preciso de vela erGuida

com a chama em labareda

para ganhar sobrevida

que espero o Pai me conceda

E o círio de esperma às sete

é que me levará ao altar

De Monay, de periguete,

farei ajoelhar e rezar

Da doçura da reclusão

chamarei a prudente Nanda

que venha de ferro à mão

fazer o que o Pai lhe comanda

É a passação de batina

que o Pai severo bem checa

e que deixe que o preto tina

para obnubilar o que peca

Vou exigir todo decoro

da laboriosa Momi

nada de vela ou de choro

na hora do dente extraí

Que reste o cajado silente

mas pleno de autoridade

pra enrijecer de repente

se risco houver de pecado

Aí dura será sua peleja

para expulsar o maligno

mas para a irmã que o beija

o seu futuro é mais digno

E namoros de Recanto

terminantemente proíbo

sei que cá não há santo

porriço, passo recibo.

Faço por fim meu apelo

e vou até excomungar

aquele que faltar com zelo

no pio ato de arrecadar...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 29/08/2015
Código do texto: T5363624
Classificação de conteúdo: seguro